Igreja deve ter atitude de misericórdia perante as mulheres
Lisboa, 28 jan 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco defendeu hoje uma atitude de misericórdia perante quem procura a ajuda da Igreja Católica após um aborto, falando num “drama” para as mulheres.
“Para perceber bem o drama do aborto, é preciso estar no confessionário. É terrível”, referiu aos jornalistas, no voo de regresso a Roma, desde o Panamá, onde presidiu á Jornada Mundial da Juventude.
Em novembro de 2016, o Papa Francisco anunciou a decisão de alargar definitivamente a faculdade de absolvição de quem praticou o aborto a todos os sacerdotes, deixando de ser necessária a confissão ao bispo (ou os padres a quem o bispo desse essa faculdade) para a remissão da pena.
“O problema não é dar o perdão, o problema é acompanhar a mulher que tomou consciência do aborto. São dramas terríveis”, observou, na conferência de imprensa.
“Muitas vezes, quando choram e têm esta angústia, aconselho-as: ‘O teu filho está no Céu, fala com ele, canta-lhe a canção de embalar que não pudeste cantar’. Aí encontramos um caminho de reconciliação da mãe com o filho. Com Deus já está, o perdão, Deus perdoa sempre”.
Francisco sublinhou que mensagem da misericórdia é “para todos, inclusive para quem está em gestação”, referindo que já se encontrou com mulheres arrependidas de terem abortado.
“Uma mulher, quando pensa naquilo que fez… Para dizer a verdade, é preciso estar no confessionário. E aí devemos consolar e não castigar, nada disso. Por isso, abri a possibilidade da absolvição do aborto, por misericórdia”, declarou.
Questionado sobre uma alegada oposição da Igreja Católica à educação sexual nas escolas, o Papa respondeu que é apenas contrário à “colonização ideológica”, nesta matéria.
“O sexo, como dom de Deus, precisa de educação”, para que se possa “tirar o melhor da pessoa”, acrescentou.
Francisco admitiu que algumas famílias “não sabem como fazer”, pelo que a escola acabar por “suprir” essa falha.
“Caso contrário, fica um vazio que vai ser preenchido por uma qualquer ideologia”, concluiu.
O Papa lamentou ainda a “falta de testemunho” na vida dos católicos, dos padres aos leigos, apontando o dedo a quem explora os seus trabalhadores, por exemplos.
“Vão para as Caraíbas, não só os ‘papers’, fazer férias com a exploração das pessoas. Quem faz isto dá um contratestemunho. Do meu ponto de vista, é o que afasta mais as pessoas da Igreja”, sustentou.
OC