Vaticano: Papa surge à janela, na despedida do Gemelli, para dizer «obrigado a todos» (c/vídeo)

Texto do Ângelus evoca «longo período de recuperação» e critica reinício dos bombardeamentos em Gaza

Roma, 23 mar 2025 (Ecclesia) – O Papa veio hoje à janela, no Hospital Gemelli, para uma breve saudação e para abençoar a multidão que se reuniu junto ao edifício, em Roma, no final do seu internamento de 38 dias.

“Obrigado a todos. E vejo aquela senhora, com as flores amarelas: é corajosa”, disse, nas breves palavras que dirigiu à multidão.

Francisco surgiu em cadeira de rodas, com aparente boa disposição, tendo-se mantido sentado e a respirar autonomamente, com alguma dificuldade.

“Neste longo período de recuperação, tive a oportunidade de experimentar a paciência do Senhor, que vejo também refletida na dedicação incansável dos médicos e dos profissionais da saúde, assim como nos cuidados e nas esperanças dos familiares dos doentes”, escreveu, na reflexão para a oração dominical do ângelus, divulgada pelo Vaticano.

“Essa paciência confiante, ancorada no amor de Deus que nunca falha, é verdadeiramente necessária à nossa vida, especialmente para enfrentar as situações mais difíceis e dolorosas”, acrescenta o documento.

 

Francisco estava internado no Gemelli desde 14 de fevereiro, tendo sido diagnosticado com uma infeção polimicrobiana das vias respiratórias, que se agravou para uma pneumonia bilateral.

Nesse período, o pontífice não tinha feito qualquer aparição pública: gravou uma pequena em mensagem em áudio, a 6 de março, e foi divulgada uma foto, no último dia 16.

Foto: Lusa/EPA

Numa varanda do quinto andar do Gemelli, preparada para esta saudação do Papa, Francisco surgiu cansado, mas sorridente, quando se dirigiu à multidão, agradecendo e fazendo o gesto do polegar para cima.

A praça em frente tinha centenas de pessoas, algumas com desenhos, outras com flores, incluindo alguns doentes do mesmo Hospital, também em cadeira de rodas.

Pelo sexto domingo consecutivo, o texto do ângelus foi divulgado por escrito, às 11h00 de Lisboa.

O Papa lamenta o reinício dos “pesados bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, com tantas mortes e feridos”.

“Peço que as armas se calem imediatamente e que se tenha a coragem de retomar o diálogo, para que todos os reféns sejam libertos e se alcance um cessar-fogo definitivo. Na Faixa de Gaza, a situação humanitária é novamente gravíssima e exige o compromisso urgente das partes beligerantes e da comunidade internacional”, apela.

Francisco saúda, por outro lado, que a Arménia e o Azerbaijão tenham acordado o “texto definitivo do Acordo de Paz”.

“Espero que seja assinado o quanto antes e possa, assim, contribuir para estabelecer uma paz duradoura no sul do Cáucaso”, deseja.

“Com tanta paciência e perseverança, vocês continuam a rezar por mim: agradeço-lhes muito! Eu também rezo por vocês. E juntos imploramos pelo fim das guerras e pela paz, especialmente na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, em Mianmar, no Sudão e na República Democrática do Congo”, conclui.

A equipa médica que acompanha o Papa anunciou este sábado que Francisco iria receber alta e regressar à Casa de Santa Marta, após esta saudação.

O Vaticano informou, em comunicado enviado aos jornalistas, que antes de aparecer na varanda do quinto andar do hospital universitário, o Papa Francisco “saudou brevemente o pessoal e a direção da Universidade Católica e do Policlínico Gemelli”.

OC

A reflexão do ângelus abordou a passagem do Evangelho de São Lucas que é lida hoje nas Missas dominicais, em todos o mundo, em que se “fala da paciência de Deus, que exorta a fazer da vida um tempo de conversão”.

“Jesus usa a imagem de uma figueira estéril, que não produziu os frutos esperados e que, no entanto, o agricultor não quer cortar: deseja adubá-la mais uma vez para ver ‘se dará fruto no futuro’ (Lc 13,9). Esse agricultor paciente é o Senhor, que trabalha com zelo o terreno de nossa vida e aguarda confiante o nosso retorno a Ele”, indica.

“Que a Virgem Maria nos proteja e continue a nos acompanhar no caminho rumo à Páscoa”, conclui o texto.

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