Civilização ocidental «navega à vista», disse Bento XVI na oração do Angelus
Cidade do Vaticano, 06 jan 2011 (Ecclesia) – Bento XVI saudou hoje no Vaticano as Igrejas cristãs do Oriente que este sábado assinalam o Natal, numa intervenção onde sublinhou que a civilização ocidental “navega à vista” e só a Bíblia a pode orientar.
Na oração do Angelus celebrada na praça de São Pedro, o Papa endereçou “os mais cordiais votos às Igrejas Orientais que, segundo o calendário juliano, celebram amanhã o Santo Natal”, tendo desejado que “cada família e cada comunidade se encha da luz e da paz de Cristo”, segundo texto publicado na Sala de Imprensa da Santa Sé.
O Papa frisou que “o mundo, com todos os seus recursos”, é incapaz de “dar à humanidade a luz para orientar o seu caminho”, dado que “a civilização ocidental parece ter perdido a orientação” e “navega à vista”.
A Igreja, “graças à Palavra de Deus, vê através deste nevoeiro”, e apesar de não possuir “soluções técnicas” tem “o olhar voltado para a meta e oferece a luz do Evangelho a todos os homens de boa vontade, de qualquer nação e cultura”, apontou.
“É esta também a missão dos representantes pontifícios junto dos Estados e organizações internacionais”, explicou Bento XVI, que na missa celebrada esta manhã na basílica de São Pedro ordenou dois bispos que vão assumir as funções de núncios apostólicos, designação dada aos diplomatas da Santa Sé.
Referindo-se à Jornada Missionária das Crianças, que se assinala na Epifania, nome também dado ao Dia de Reis, Bento XVI lembrou a importância dos mais novos para o sucesso do anúncio da mensagem cristã em países que a desconhecem ou onde ela deixou de ser relevante.
“Crianças de todo o mundo, reunidas em grupo, formam-se para uma sensibilidade missionária e suportam muitos projetos de solidariedade para os seus contemporâneos”, afirmou.
Ao mencionar o trecho bíblico proclamado na missa deste dia, onde se narra o trajeto feito no deserto por magos do Oriente, guiados por uma estrela até ao local onde Jesus nasceu, Bento XVI salientou que todos são convidados “a caminhar cheios de confiança para Cristo”.
“Como eles [os magos] deixemo-nos guiar pela estrela luminosa da palavra que salva”, “sem medo” de oferecer a Deus “este novo ano, de modo que seja cheio de fé, esperança e caridade”, assinalou.
Na saudação em castelhano o Papa evocou os presentes que os magos terão dado a Jesus e convidou os católicos a oferecer-lhe o melhor de si.
“Apresentamos-lhe o melhor que haja em nós mesmos, sobretudo o desejo de acolher o seu evangelho e, à sua luz, edificar um mundo em que brilhe a solidariedade, a concórdia e a justiça”, disse.
O Angelus consiste na recitação de três Ave-Marias introduzidas por versículos alusivos a Jesus, enquanto Deus que assumiu a natureza humana, e concluídas com uma oração.
A Epifania, palavra de origem grega que significa ‘brilho’ ou ‘manifestação’, celebra-se a 6 de janeiro nos países em que é feriado civil, enquanto que nos outros, como em Portugal, se assinala no domingo entre 2 e 8 de janeiro.
O calendário juliano foi criado em 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César.
RJM