Francisco exorta a “alcançar uma paz duradoura”, na qual os dois Estados possam “viver lado a lado”
Cidade do Vaticano, 07 jun 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco rezou hoje, nos jardins do Vaticano, pelo fim da guerra na Terra Santa, pedindo que os chefes das nações de Israel e Palestina reencontrem um caminho de “concórdia e unidade”.
“Não deixemos de sonhar com a paz, que nos dá a alegria inesperada de nos sentirmos parte de uma única família humana. Esta alegria pude vê-la há poucos dias em Verona, no rosto daqueles dois pais, um israelita e um palestiniano, que se abraçaram diante de todos. É disto que Israel e a Palestina precisam: um abraço de paz!”, afirmou o Papa.
A celebração assinala o 10ºaniversário de oração pela paz que reuniu os presidentes da Palestina e Israel em 2014, Mahmoud Abbas e o já falecido Shimon Peres.
Francisco assinalou a importância de trazer à memória o acontecimento, especialmente “à luz do que infelizmente está a acontecer em Israel e Palestina”.
“Há meses que assistimos a um crescente rasto de hostilidade e vemos morrer tantos inocentes diante dos nossos olhos”, lamentou o Papa, que diz que “todo o sofrimento, a brutalidade da guerra, a violência que desencadeia e o ódio que semeia nas gerações futuras” deveriam convencer todos que a guerra deixou “o mundo pior do que encontrou’ (carta encíclica Fratelli Tutti, 261)”, salientou.
Segundo o Papa, “numa época marcada por conflitos trágicos, é necessário um renovado compromisso na construção de um mundo pacífico”.
“A todos, crentes e pessoas de boa vontade, gostaria de dizer: não deixemos de sonhar com a paz nem de construir relações pacíficas!”, pediu.
“Diariamente rezo para que esta guerra chegue ao fim, de uma vez por todas”, disse o Papa, que acrescentou que o seu pensamento está com aqueles “que sofrem, em Israel e na Palestina: cristãos, judeus e muçulmanos”.
Penso em quão urgente é que a decisão de parar com as armas surja finalmente dos escombros de Gaza e, por isso, peço um cessar-fogo; penso nos familiares e nos reféns israelitas, e peço que sejam libertados o mais rapidamente possível; penso na população palestiniana, e peço que seja protegida e receba toda a ajuda humanitária necessária; penso em tantas pessoas deslocadas por causa dos combates, e peço que as suas casas sejam reconstruídas rapidamente, para que a elas possam regressar em paz”, referiu.
Além disso, o Papa disse também não esquecer os “palestinianos e israelitas de boa vontade que, entre lágrimas e sofrimentos, não deixam de aguardar, na esperança, a chegada de um novo dia e se esforçam por antecipar a aurora de um mundo pacífico”.
Francisco exorta todos a trabalharem e comprometerem-se a “alcançar uma paz duradoura, na qual o Estado da Palestina e o Estado de Israel possam viver lado a lado, derrubando os muros da inimizade e do ódio”.
“Todos devemos acarinhar Jerusalém, para que, protegida por um estatuto especial garantido a nível internacional, ela se torne a cidade do encontro fraterno entre cristãos, judeus e muçulmanos”, apelou.
“Hoje estamos aqui para a invocar a paz”, afirmou o Papa, sublinhando que esta “não se constrói apenas em acordos escritos no papel ou à mesa dos compromissos humanos e políticos”.
“Não pode haver paz se, primeiro, não deixarmos que o próprio Deus desarme o nosso coração, para o tornar hospitaleiro, compassivo e misericordioso”, reconheceu.
O Papa renovou a oração, desejando, como há dez anos, elevar a Deus a “súplica pela paz”.
“Queremos pedir ao Senhor que faça crescer ainda mais a oliveira que naquele dia plantámos: tornou-se forte e viçosa, porque foi protegida dos ventos e foi regada com cuidado. Do mesmo modo, devemos pedir a Deus que a paz possa germinar no coração de cada homem, em cada povo e Nação, em cada faixa de terra, protegida dos ventos da guerra e regada por aqueles que, todos os dias, se esforçam por viver em fraternidade”, realçou.
Francisco pediu ao “Senhor Deus de Paz” para escutar a súplica pela paz e recordou as tentativas para resolver os conflitos.
“Tentámos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas… Mas os nossos esforços foram em vão”, lamentou.
No final da intervenção, o Papa pediu coragem ao Senhor para dizer “nunca mais à guerra”, “com a guerra, fica tudo destruído”.
“Mantende acesa em nós a chama da esperança para efetuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas palavras: divisão, ódio, guerra!”, pediu.
A realização da celebração do aniversário acontece no espaço onde foi plantada a oliveira, como símbolo da paz, em 2014.
LJ/PR