Vaticano: Papa renova empenho de «acolher e acompanhar» pessoas homossexuais, após polémica

Encontro com padres de Roma pediu paróquias abertas a «todos, todos, todos», repetindo apelo da JMJ 2023

Roma, 11 jun 2024 (Ecclesia) – O Papa renovou hoje o apelo a “acolher e acompanhar” pessoas homossexuais, nas comunidades católicas, após a polémica provocada por uma alegada expressão homofóbica, em maio.

Francisco, que se encontrou esta tarde com um grupo de padres de Roma, “voltou à questão da admissão de pessoas com tendências homossexuais nos seminários, reiterando a necessidade de as acolher e acompanhar na Igreja e a indicação de prudência do Dicastério para o Clero relativamente à sua entrada no seminário”.

A informação foi enviada aos jornalistas pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

O Papa falava na Universidade Pontifícia Salesiana e, perante cerca de 200 sacerdotes da diocese de Roma, com mais de 10 anos de ordenação sacerdotal e menos de 40.

A 28 de maio, o porta-voz do Vaticano respondeu a polémicas sobre uma expressão que o Papa teria usado, num encontro privado com bispos da Conferência Episcopal Italiana (CEI), com um pedido de desculpas de Francisco.

“O Papa nunca teve a intenção de ofender ou de se exprimir em termos homofóbicos e apresenta as suas desculpas a todos aqueles que se sentiram ofendidos pela utilização de um termo, referido por outros”, indica Matteo Bruni, em nota enviado aos jornalistas, esta tarde.

O comunicado, de dois parágrafos, assume que Francisco teve conhecimento dos artigos surgidos a respeito da “conversa, à porta fechada”, com os bispos da CEI, a 20 de maio.

A Congregação para o Clero (Santa Sé) publicou a 8 de dezembro de 2016 o decreto orientador para a formação dos padres católicos, na qual é sublinhada a importância da “formação integral” e da maturidade psíquica, sexual e afetiva.

A ‘Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis’ foi atualizada 46 anos depois, procurando unir de “modo equilibrado as dimensões humana, espiritual, intelectual e pastoral, através de um caminho pedagógico gradual e personalizado”.

O documento retoma a instrução de 2005 sobre a admissão aos seminários e ao sacerdócio de “pessoas com tendências homossexuais”.

A Igreja, pode ler-se, respeitando as pessoas envolvidas, “não pode admitir ao seminário nem às ordens sagradas os que praticam a homossexualidade, apresentem tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiem o que se conhece como cultura gay”.

Os orientadores dos seminários são chamados a ter em atenção a necessidade de avaliar se um seminarista atingiu a “afetividade madura, serena e livre, casta e fiel ao celibato”, exigida pela Igreja Católica.

 

O encontro desta tarde começou com uma saudação de D. Michele Di Tolve, bispo auxiliar de Roma, e um momento de oração.

Segundo o Vaticano, entre os temas abordados estiveram “questões pastorais relacionadas com a diocese, o papel e a identidade do sacerdote e a beleza de ser sacerdote.

O Papa alertou para “o risco de cair na mundanidade” e falou da necessidade de alargar o acolhimento nas paróquias a “todos, todos, todos”, reforçando o apelo lançado durante a cerimónia de acolhimento da JMJ 2023, em Lisboa.

Francisco e o grupo de sacerdotes abordou a “questão do sofrimento das pessoas, que deve ser acompanhado de proximidade, compaixão e ternura, três qualidades de Deus, que devem ser experimentadas especialmente pelos idosos”.

Neste sentido, falou-se “da importância da pastoral hospitalar, das dificuldades da cidade de Roma, da emergência habitacional, do convite às congregações religiosas com facilidades para a generosidade, da difusão da droga, do drama da solidão, dos muitos que vivem a sua dor na invisibilidade”.

“Na vida de um padre, o invisível é mais importante do que o visível, porque é mais denso, mais doloroso”, declarou Francisco.

“O nosso trabalho como padres é ir à procura destas pessoas”, acrescentou, sustentando que “a Igreja ou é profética ou é clerical”.

O diálogo centrou-se na situação atual da Europa e do mundo, e o Papa citou as guerras em curso, na Terra Santa, na Ucrânia, mas também em Myanmar ou no Congo.

Após agradecer o compromisso dos padres, no seu ministério, Francisco falou do “perigo das ideologias” na Igreja.

No final do encontro, o Papa ofereceu um rosário aos participantes, como recordação do dia.

Francisco assinou o Livro de Honra da Universidade Salesiana: “Estou muito feliz por este encontro com os sacerdotes. Rezem por mim”.

OC

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Agência ECCLESIA

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