Francisco estava hospitalizado desde 14 de fevereiro, na sequência de uma infeção respiratória

Cidade do Vaticano, 23 mar 2025 (Ecclesia) – O Papa regressou hoje à Casa de Santa Marta, após o maior internamento do atual pontificado, iniciado a 14 de fevereiro, no Hospital Gemelli, na sequência de uma infeção respiratória.
Francisco, que surgiu em público pela primeira vez nos últimos 37 dias, para cumprimentar as pessoas que se reuniram na praça diante do edifício, deixou o espaço no tradicional veículo utilitário branco, sentado no banco da frente e saudando a multidão que se reuniu no percurso.
Antes de regressar ao Vaticano, o Papa quis deslocar-se a Santa Maria Maior, uma das quatro basílicas papais, em Roma, onde se costuma deslocar antes e depois das viagens internacionais, para venerar o ícone da ‘Salus Populi Romani’, da Virgem Maria, de que é devoto.
“Antes de regressar à Casa Santa Marta, depois de deixar o hospital, o Papa Francisco dirigiu-se a Santa Maria Maior e ofereceu a sua eminência cardeal Makrickas [arcipreste coadjutor da Basílica] flores para colocar diante do ícone da Virgem Salus Populi Romani. Em seguida, regressou ao Vaticano”, informou a sala de imprensa da Santa Sé.
Francisco, com as cânulas nasais para o fluxo de oxigénio suplementar, abriu a porta do carro para cumprimentar os militares que estavam em serviço junto ao portão de entrada para a Casa de Santa Marta.
O cirurgião Sergio Alfari, que coordenou a equipa que trata o Papa no Hospital Gemelli, anunciou este sábado a alta médica, assumindo que, durante esta hospitalização, houve dois episódios críticos, em que o Papa correu “perigo de vida.
O médico explicou que o Papa deixa o hospital sem “pneumonia bilateral”, ainda que vá precisar de tempo para eliminar completamente todas as infeções polimicrobianas.
“É muito importante seguir a recomendação de um período de descanso, em convalescença, de pelo menos dois meses”, declarou Alfari.
Esta foi a quarta hospitalização do atual Papa no 10.º andar do Hospital Gemelli, em Roma.
Já em 2023, o Papa tinha sido internado a 29 de março, por causa de uma infeção respiratória, tendo recebido alta a 1 de abril; o mesmo Gemelli viria a recebê-lo, três meses depois, para uma operação a uma hérnia abdominal, que exigiu um internamento de dez dias.
A 4 de julho de 2021, também no Hospital Gemelli, Francisco tinha sido submetido a outra intervenção, por causa de uma “estenose diverticular sintomática do cólon”, permanecendo internado durante dez dias.

Os problemas que levaram à hospitalização no último dia 14 de fevereiro, começaram a manifestar-se na viagem à Córsega, França, a 15 de dezembro de 2024, em que Francisco não falou com os jornalistas que o acompanhavam, ao contrário do que é habitual.
Uma semana depois, a oração do ângelus foi recitada pelo Papa na Capela da Casa de Santa Marta, devido ao frio que se faz sentir em Roma e aos sintomas gripais que se manifestaram em dias anteriores.
Já a 9 de janeiro de 2025, Francisco confiou a um colaborador da Secretaria de Estado do Vaticano a leitura do longo discurso ao corpo diplomático, uma importante audiência que acontece no início de cada ano.
A situação viria a repetir-se e, para prevenir um agravamento do estado de saúde do Papa, as audiências foram transferidas para a Casa de Santa Marta.
Apesar da bronquite, Francisco decidiu presidir à Missa do Jubileu das Forças Armadas e de Segurança, a 9 de fevereiro, na Praça de São Pedro, num dia de frio e vento em que assumiu as “dificuldades em respirar” e pediu “desculpas”, antes de passar ao mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, D. Diego Ravelli, a responsabilidade de ler a homilia.
O Papa deixou então a Praça em carro fechado, seguindo imediatamente para Santa Marta, onde manteve a sua agenda de compromissos, inclusive na manhã de 14 de fevereiro, pouco antes do seu internamento.
OC
Vaticano: Papa surge à janela, na despedida do Gemelli, agradecendo «a todos»