Francisco evoca vítimas da guerra, particularmente as crianças
Cidade do Vaticano, 28 fev 2024 (Ecclesia) – O Papa regressou hoje aos compromissos públicos, presidindo à audiência geral, com um alerta para o drama das minas terrestres.
“Manifesto a minha proximidade às numerosas vítimas destes dispositivos vergonhosos, que nos recordam a dramática crueldade das guerras e o preço que as populações civis são obrigadas a assumir”, disse, perante milhares de peregrinos reunidos no Auditório Paulo VI.
Assinalando o 25.º aniversário da entrada em vigor do tratado para a interdição das minas antipessoais, que se assinala a 1 de março, Francisco sublinhou que estas “continuam a atingir civis inocentes, particularmente crianças, mesmo muitos anos após o fim das hostilidades”.
No único momento da audiência em que leu as intervenções preparadas, o Papa quis agradecer a “todos os que oferecem o seu contributo para assistir as vítimas e limpar as áreas contaminadas”.
“O seu trabalho é uma resposta concreta ao chamamento a ser operadores de paz, tomando conta dos nossos irmãos e irmãs”, indicou.
O início da invasão russa, 24 de fevereiro de 2022, transformou a Ucrânia num dos países do mundo “mais contaminados” pelas minas terrestres, segundo as Nações Unidas.
“Caros irmãos e irmãs, não esqueçamos os povos que sofrem por causa da guerra, Ucrânia, Palestina, Israel, tantos outros. E rezemos pelas vítimas do recente ataque contra locais de culto no Burquina Faso, bem como pela população do Haiti, onde continuam os crimes e sequestros de grupos armados”, apelou Francisco.
O Papa tinha cancelado a sua agenda oficial, esta segunda-feira, devido à persistência de “leves sintomas gripais, sem febre”, informou o Vaticano; o mesmo tinha acontecido no último sábado.
“Ainda estou um pouco constipado, por isso pedi ao monsenhor (Filippo) Ciampanelli para ler a catequese de hoje”, referiu Francisco, esta manhã.
A reflexão semanal aludiu a dois “pecados capitais”, a inveja e a vaidade, que o Papa considerou como consequência de uma “falsa ideia de Deus” e do desejo de “ser o centro do mundo”.
Francisco recebeu um genuflexório feito de madeira da embarcação que, há um ano, naufragou em Cutro, na costa da Calábria, uma tragédia que custou a vida a 94 migrantes, muitos deles crianças.
Antes da audiência, o Papa recebeu os membros do Sínodo da Igreja Patriarcal Arménia da Cilícia.
O discurso, lido por um colaborador, apelava à transformação dos “corações insensíveis ao sofrimento dos pobres” e ao fim das “guerras e massacres” que vêm a acontecer no mundo desde a I Guerra Mundial.
A intervenção, divulgada pela Santa Sé, alertou ainda para o sofrimento da população do Nagorno-Karabakh, em particular “as muitas famílias deslocadas que procuram refúgio”.
OC