Secretário de Estado projeta viagem do Papa ao «berço das grandes religiões»
Cidade do Vaticano, 12 jan 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que a sua viagem ao Sri Lanka e Filipinas é um sinal da atenção com que acompanha a vida deste continente.
"Hoje mesmo, ao entardecer, terei a alegria de voltar a partir para a Ásia, a fim de visitar o Sri Lanka e as Filipinas, testemunhando assim a atenção e a solicitude pastoral com que acompanho as vicissitudes dos povos daquele vasto continente", declarou, durante o encontro de Ano Novo com o corpo diplomático acreditado na Santa Sé.
"A eles e aos respetivos governos desejo manifestar, uma vez mais, a aspiração que tem a Santa Sé de contribuir com o próprio serviço para o bem comum, a harmonia e a concórdia social", acrescentou.
O secretário de Estado do Vaticano considera que esta viagem visa a promoção do diálogo entre as religiões, fundamental para a paz no mundo”.
“O continente asiático é o berço das grandes religiões do mundo”, recorda o cardeal Pietro Parolin, em entrevista divulgada hoje pelo Centro Televisivo do Vaticano.
O responsável diplomático sublinha o facto de a Igreja Católica ser ainda “uma pequena minoria” no continente asiático, elogiando a sua ação “no campo da saúde e da educação”.
Em relação ao Sri Lanka, onde se inicia a sétima viagem internacional do atual pontificado, o cardeal italiano realça que a comunidade católica sempre acolheu “fiéis das etnias principais, tâmil e cingalesa”.
“Infelizmente, ultimamente, surgiram grupos extremistas que em certa medida manipulam a opinião pública e criam tensão utilizando a religião para fins que não são claros. Fazemos votos de que a tradição que existe de diálogo inter-religioso e de colaboração possa prevalecer”, assinalou.
O programa inclui um encontro inter-religioso no ‘Bandaranaike Memorial International Conference Hall’ de Colombo, em que participarão líderes budistas, hindus, muçulmanos e cristãos.
Já na única Missa pública que vai celebrar no país, os participantes vão rezar pelo “coexistência pacífica das diferentes religiões e grupos étnicos”.
Francisco será o terceiro Papa a visitar o Sri Lanka, depois de Paulo VI e João Paulo II, mas o primeiro a passar pela zona do país que é maioritariamente tâmil, para visitar o santuário mariano de Madhu.
Para o cardeal Parolin, este lugar de culto é “o símbolo ta ‘Igreja-ponte’, porque é um centro de oração e é também um centro de encontro”, também para membros de outras religiões.
“O compromisso de reconciliação deve caracterizar todos os membros da sociedade do Sri Lanka. Um compromisso de reconciliação que passa pelo reconhecimento da verdade. Creio que as etapas são estas: uma atenção para com a justiça e uma colaboração de todos para o bem comum”, acrescentou.
D. Malcolm Ranjith, cardeal-arcebispo de Colombo, assinala por sua vez, em artigo publicado hoje no jornal do Vaticano, que a visita do Papa e a canonização do Beato José Vaz, nascido na Goa portuguesa, são um “duplo dom” para a Igreja local.
O responsável revela que convidou o Papa logo “na tarde da sua eleição”, a 13 de março de 2013.
“Expliquei ao pontífice que o Sri Lanka seria o lugar ideal para ter uma visão caleidoscópica da Ásia, com os seus numerosos credos religiosos, e do modo como a pequena grei do Senhor vive e professa a fé no meio de um mar de não-cristãos”, indicou.
Na quarta-feira, Francisco vai presidir à cerimónia de canonização do padre José Vaz, nascido em Goa, então território português, a 21 de abril de 1651.
O sacerdote foi missionário no Sri Lanka, onde morreu a 16 de janeiro de 1711 após ter traduzido o Evangelho para as línguas tâmil e o cingalês; a sua proclamação como santo contou a aprovação da Congregação para as Causas dos Santos, sem exigir um novo milagre.
O cardeal Malcolm Ranjith elogia o futuro santo pelo seu “testemunho humilde da linguagem intensamente transformadora do amor, manifestado no Evangelho”.
Antes de deixar o país, a 15 de janeiro, Francisco vai rezar na capela de Nossa Senhora de Lanka e visitar o instituto Bento XVI, criado depois da guerra civil, para fomentar o diálogo inter-religioso.
Desde o início do pontificado, Francisco realizou viagens internacionais ao Brasil (julho de 2013), Terra Santa (maio), Coreia do Sul (agosto), Albânia (21 de setembro), Estrasburgo – França (25 de novembro) e Turquia (28 a 30 de novembro).
OC