Vaticano: Papa reforça críticas a «sistema económico movido pelo lucro», que ignora dignidade humana

Leão XIV encontrou-se com responsáveis dos Jesuítas, convidando a presença nas «fronteiras» da Igreja e da sociedade

Cidade do Vaticano, 24 out 2025 (Ecclesia) – O Papa reforçou hoje, no Vaticano, as suas críticas a um sistema centrado no “lucro”, recordando a exortação ‘Dilexi Te’, publicada este mês, onde denunciou “a ditadura de uma economia que mata”.

“Atualmente, muitos são vítimas de um sistema económico movido pelo lucro, acima da dignidade da pessoa”, disse, falando na Sala do Sínodo, num encontro com o responsável mundial dos Jesuítas, padre Arturo Sosa, e dos responsáveis regionais da Companhia de Jesus.

Leão XIV observou que este desequilíbrio global leva “inúmeras pessoas a migrar em busca de sobrevivência”.

“Elas deixam suas casas, a sua cultura e as suas famílias, muitas vezes enfrentando rejeição e hostilidade. O verdadeiro discipulado requer tanto a denúncia da injustiça quanto a proposta de novos modelos enraizados na solidariedade e no bem comum”, apelou o pontífice.

A intervenção, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, elogiou o trabalho desenvolvido pela Companhia de Jesus nas suas universidades, centros sociais, publicações e instituições, bem como pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados, como “canais poderosos para promover mudanças sistémicas”.

O Papa pediu que os Jesuítas estejam presentes nas “fronteiras, sejam elas geográficas, culturais, intelectuais ou espirituais”.

“São lugares de risco, onde os mapas familiares já não são suficientes”, assumiu.

Uma grande fronteira hoje é o caminho da sinodalidade dentro da Igreja. O caminho sinodal convida-nos a todos a ouvir mais profundamente o Espírito Santo e uns aos outros, para que as nossas estruturas e ministérios possam ser mais ágeis, mais transparentes e mais sensíveis ao Evangelho.”

Leão XIV identificou como “fronteira essencial” os temas da reconciliação e da justiça, “especialmente num mundo dilacerado por conflitos, desigualdades e abusos”.

“A tecnologia, especialmente a inteligência artificial, é também uma fronteira importante. Ela tem potencial para o florescimento humano, mas também acarreta riscos de isolamento, perda de trabalho e novas formas de manipulação”, acrescentou.

O Papa apontou a urgência de acompanhar o desenvolvimento tecnológico “de forma ética, defendendo a dignidade humana e promovendo o bem comum”.

“Precisamos de discernir como usar as plataformas digitais para evangelizar, formar comunidades e desafiar os falsos deuses do consumismo, do poder e da autossuficiência”, apelou.

Referindo as quatro “Preferências Apostólicas Universais” da Companhia de Jesus, confirmadas por Francisco em 2019, Leão XIV destacou “a necessidade de mostrar o caminho para Deus”, de “caminhar com os pobres”, de “acompanhar os jovens rumo a um futuro de esperança” e de “cuidar da casa comum”.

“Que o Senhor vos conduza às fronteiras de hoje e além, renovando a Igreja e edificando um reino de justiça, amor e verdade”, concluiu.

OC

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