Francisco evoca conflitos no Sudão e na Colômbia
Cidade do Vaticano, 26 jan 2025 (Ecclesia) – O Papa recordou hoje no Vaticano o 80.º aniversário da libertação do campo de concentração nazi de Auschwitz (27 de janeiro de 1945) e reforçou a condenação do antissemitismo.
“Amanhã é o Dia Internacional de Comemoração em memória das vítimas do Holocausto: 80 anos desde a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do ângelus.
“Recordamos também muitos cristãos, entre eles muitos mártires. Renovo o meu apelo para que todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo, juntamente com todas as formas de discriminação e perseguição religiosa”, acrescentou, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
Francisco evocou a escritora húngara Edith Bruck, que vive em Roma, sobrevivente de Auschwitz, que visitou em 2021 após ter lido a entrevista que esta deu ao jornal do Vaticano ‘L’Osservatore Romano’, relatando o horror vivido do campo de concentração.
A 29 de julho de 2016, o Papa visitou os antigos campos de concentração nazi de Auschwitz e Bikernau, na Polónia, numa homenagem silenciosa que durou cerca de hora e meia.
Francisco convidou hoje todos a construir juntos “um mundo mais fraterno, mais justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos, na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”.
A intervenção alertou para o conflito civil no Sudão, que começou em abril de 2023, alertando para a “mais grave crise humanitária do mundo, com consequências dramáticas também no Sudão do Sul”.
“Estou próximo dos povos de ambos os países e convido-os à fraternidade, à solidariedade, a evitar qualquer tipo de violência e a não se deixarem instrumentalizar. Renovo o meu apelo às partes em conflito no Sudão para que cessem as hostilidades e aceitem sentar-se à mesa das negociações”, acrescentou.
O Papa exortou a comunidade internacional a “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para fazer chegar a necessária ajuda humanitária às pessoas deslocadas e para ajudar os beligerantes a encontrarem rapidamente o caminho da paz”.
Francisco manifestou também a sua preocupação com a situação na Colômbia, onde os confrontos entre grupos armados “causaram a morte de muitos civis e a deslocação de mais de trinta mil pessoas”.
A reflexão dominical aludiu ao dia mundial da luta contra a lepra, encorajando “todos aqueles que trabalham em favor das pessoas afetadas por esta doença a prosseguir os seus esforços, ajudando também os que estão curados a reintegrar-se na sociedade”.
O Papa pediu que estes doentes “não sejam marginalizados”.
No último domingo de janeiro, a Praça de São Pedro contou com a tradicional ‘Caravana da Paz’, com crianças e adolescentes da Ação Católica Romana.
Um representante do grupo leu a mensagem em favor da paz, ao lado de Francisco, antes da bênção pontifícia: “Como seria bonito se os grandes da terra também atravessassem a Porta Santa de mãos dadas”.
“É um sonho, sim, mas acreditamos muito nele. Seria uma dádiva se eles passassem pela Porta Santa, pensando em todas as crianças vítimas da violência, sozinhas ou doentes, marcadas pela guerra, e pensando nas lágrimas de tantas mães, pais, avôs e avós”, refere o apelo.
OC