Vaticano: Papa questiona fé «miraculista» que instrumentaliza Deus

Francisco defende «amor gratuito e sem cálculos» nas relações pessoais e sociais

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 01 ago 2021 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje no Vaticano quem vive a fé de forma “superficial” e “miraculista”, instrumentalizando-a para responder apenas às suas necessidades.

“Entre as muitas tentações, que temos na vida, há uma que poderíamos chamar de tentação idólatra. É a que nos leva a buscar a Deus para o nosso uso e consumo, para resolver problemas, para ter, graças a Ele, o que não podemos obter por nós mesmos. Por interesse”, advertiu, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação da oração do ângelus.

Francisco destacou que, nessa “fé imatura não existe Deus”, mas as próprias necessidades, uma atitude que afeta as relações humanas e sociais, levando à exploração dos outros.

“Usar as pessoas eme benefício próprio, isto é feio”, declarou.

O Papa partiu da passagem do Evangelho lida hoje nas igrejas de todo o mundo, relativa ao episódio da multiplicação dos pães por Jesus, relatada por São João.

“O convite do Evangelho é este: em vez de nos preocuparmos apenas com o pão material que nos alimenta, acolhamos Jesus como pão da vida e, a partir da amizade com ele, aprendamos a amar-nos uns aos outros. Com gratuidade e sem cálculos. Amor gratuito e sem cálculos, sem usar as pessoas”, apelou.

Francisco questionou os presentes sobre as motivações da sua fé e a forma como o vivem.

“O amor verdadeiro é altruísta, é gratuito: não se ama para se receber um favor em troca, isso é interesse. E tantas vezes somos interesseiros, na vida”, assinalou.

O Papa convidou a passar de “fé mágica, que pensa apenas nas próprias necessidades, a uma fé que agrada a Deus”, seguindo Jesus.

Francisco falou de uma espiritualidade que ultrapassa a “lógica do juro e do cálculo”.

“Não se trata de acrescentar práticas religiosas ou observar preceitos especiais; é acolher Jesus na vida, viver uma história de amor com Ele. Será Ele a purificar a nossa fé”, apontou.

Na primeira audiência geral de agosto, o Papa saudou os peregrinos de Roma e de vários países, presentes no Vaticano, incluindo vários grupos de jovens.

“Desejo um sereno mês de agosto. Muito quente, mas que seja sereno”, declarou.

Francisco dirigiu-se especialmente a um grupo de peregrinos do Peru, que levaram a bandeira do seu país à Praça de São Pedro, recordando a eleição do novo presidente peruano, Pedro Castillo, que tomou posse na última semana.

“Que o Senhor abençoe o vosso país, sempre”, referiu.

OC

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Agência ECCLESIA

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