Francisco inicia ciclo de catequeses no 10.º aniversário da exortação «Evangelii Gaudium»
Cidade do Vaticano, 15 nov 2023 (Ecclesia) – O Papa questionou hoje a tristeza com que muitos cristãos apresentam a sua fé, considerando que a alegria é uma marca da fé e da evangelização.
“Lembremo-nos que um cristão triste é um pobre cristão; por isso, procuremos sempre ser alegres no testemunho do Evangelho”, pediu, durante a saudação aos peregrinos de língua portuguesa, presentes na audiência pública semanal.
Falando perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco deu início a inicia um ciclo de catequeses no 10.º aniversário da exortação ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho), primeira do seu pontificado, publicada em novembro de 2013.
“Jesus é a alegria”, sustentou o Papa, que partilhou um desabafo sobre o que chamou de “cristãos com cara de bacalhau, que não exprimem nada”.
“Um cristão descontente, triste, insatisfeito ou, pior ainda, ressentido e rancoroso, não é credível”, advertiu.
Francisco destacou que o Evangelho “não é uma ideologia, o Evangelho é um anúncio, um anúncio de alegria”.
“Se algum de nós não se aperceber desta alegria, que se questione se encontrou Jesus. Uma alegria interior. O Evangelho segue pelo caminho da alegria, sempre, é o grande anúncio. Convido cada cristão, onde quer que se encontre, a renovar hoje o seu encontro com Jesus Cristo. Que cada um de nós, hoje, dedique um pouco de tempo a pensar, ‘Jesus, Tu estás dentro de mim: quero encontrar-te todos os dias. Tu és uma Pessoa, não uma ideia; Tu és um companheiro de caminho, não um programa’”, indicou.
A humanidade está repleta de irmãos e irmãs à espera de uma palavra de esperança. Sim, o Evangelho é esperado também hoje: o homem de cada tempo precisa dele, até mesmo a civilização da descrença programada e da secularidade institucionalizada; aliás, sobretudo a sociedade que deixa desertos os espaços do sentido religioso. Tem necessidade de Jesus”.
A exortação apostólica, a ‘Evangelii Gaudium’ é considerada um documento programático do Papa, que ali propunha uma renovação das estruturas da Igreja, pedindo que não se tenha medo de “rever” costumes “não diretamente ligados ao núcleo do Evangelho”, bem como de algumas “normas ou preceitos eclesiais”.
Francisco apelava ainda à superação do “clericalismo”, afirmando que a formação dos leigos e a “evangelização das categorias profissionais e intelectuais” constituem um “importante desafio” para a Igreja.
A primeira exortação apostólica do Papa deixou fortes críticas à “economia da exclusão” e à confiança cega na “mão invisível do mercado”, pedindo soluções para as “causas estruturais da pobreza”.
“Assim como o mandamento ‘não matar’ põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer ‘não a uma economia da exclusão e da desigualdade social’. Esta economia mata”, escreveu.
OC