Documento de Francisco pretende «dar continuidade» à reflexão sobre a «proteção dos direitos das crianças», que aconteceu numa conferência internacional por iniciativa da Santa Sé, e «promovê-lo em toda a Igreja»
Cidade do Vaticano, 03 fev 2025 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje que pretende “preparar uma Exortação Apostólica dedicada às crianças”, para continuar o compromisso da cimeira internacional sobre os Direitos da Criança, promovida esta segunda-feira pela Santa Sé, e “promovê-lo em toda a Igreja”.
“A vossa presença, a vossa experiência e a vossa compaixão deram vida a um observatório e, sobretudo, a um ‘laboratório’: em vários grupos temáticos desenvolveram propostas para a proteção dos direitos das crianças, considerando-as não como números, mas como rostos”, destacou o Papa, no final dos trabalhos da Cimeira sobre os Direitos das Crianças.
O Vaticano promoveu um encontro internacional dedicado às crianças, intitulada ‘Amemos e protejamos as crianças’, esta segunda-feira, dia 3 de fevereiro, no Palácio Apostólico, organizada pelo Comité Pontifício para o Dia Mundial da Criança.
“Da minha parte, para dar continuidade a este compromisso e promovê-lo em toda a Igreja, pretendo preparar uma Exortação Apostólica dedicada às crianças”, anunciou Francisco, na intervenção final, enviada à Agência ECCLESIA.
Cerca de 40 oradores, entre políticos, prémios nobel, representantes do mundo da cultura, da economia, da Igreja, do judaísmo e do islamismo, participaram nesta Cimeira sobre os Direitos das Crianças, destacam-se nomes como Rania, a rainha da Jordânia; Ahmed El-Tayeb, grande imã de al-Azhar; Mario Draghi, o antigo presidente do Banco Central Europeu; Thomas Bach, Presidente do Comité Olímpico Internacional; ou Al Gore, Nobel da Paz e antigo vice-presidente dos Estados Unidos da América; o fundador da organização ‘Mary’s Meals’, Magnus MacFarlane.
As salas do Palácio Apostólico, segundo o Papa, “tornaram-se hoje um ‘observatório’ aberto à realidade da infância em todo o mundo”, sublinhando, como na intervenção de abertura do encontro, que esta “infância infelizmente é muitas vezes ferida, explorada, negada”.
O programa, organizado pelo Comité Pontifício para a Jornada Mundial da Criança, foi dividido em duas sessões, com sete painéis temáticos, os vários intervenientes convidados partilharam e refletiram os Direitos da Criança, na mesa oval, montada na Sala Clementina.
“Tudo isto dá glória a Deus, e nós confiamo-Lo a Ele, para que o seu Espírito Santo o torne fecundo e fecundo”, acrescentou.
Francisco citou o vigário da Custódia da Terra Santa, padre Ibrahim Faltas, que interveio pouco antes, e revelou que ficou impressionado com a frase “as crianças nos observam”, que realçou “foi também o título de um filme famoso: ‘as crianças nos observam’, referindo-se ao filme de 1944, de Vittorio De Sica.
“Observam-nos para ver como seguimos na vida”, salientou.
De manhã, antes de entrar na Sala Clementina, o Papa encontrou-se com dez crianças de várias partes do mundo que entregaram desenhos e uma mensagem em nome de todos os menores da terra, e receberam rebuçados. Francisco, de tarde, leu alguns trechos da carta que recebeu das crianças das escolas católicas de Roma, da comunidade indonésia e das Escolas da Paz de Santo Egídio e Auxilium: “Queremos agradecer porque se preocupa connosco e com o nosso futuro, nos ama e nos protege. Muitas crianças sofrem por causa da fome, da guerra, da cor diferente da pele, de desastres ambientais”. “Queremos um mundo mais justo, sem divisões entre os povos, entre ricos e pobres, entre jovens e idosos. Um mundo que seja também mais limpo, onde a poluição não destrua as florestas, não suje o mar e não mate tantos animais. Entendemos que é mais importante salvar a Terra do que ter muito dinheiro”, lê-se ainda na carta das crianças, que Francisco quis destacar. |
No âmbito do Ano Santo 2025, o Papa vai dedicar um evento jubilar às crianças, nos dias 24 e 25 de maio, na expectativa da segunda edição da Jornada Mundial da Criança, refere o portal online ‘Vatican News’.
CB/PR