Leão XVI reflete sobre necessidade de superar visões «fatalistas» da vida

Cidade do Vaticano, 18 jun 2025 (Ecclesia) – O Papa disse hoje no Vaticano que a Igreja deve estar ao serviço dos mais fracos, evocando uma cura de Jesus, junto a uma piscina à entrada do templo de Jerusalém.
“A piscina chamava-se Betesda, que significa ‘casa da misericórdia’: poderia ser uma imagem da Igreja, onde os doentes e os pobres se reúnem e onde o Senhor vem curar e dar esperança”, referiu Leão XIV, na sua catequese semanal, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.
A audiência geral prosseguiu o ciclo de reflexões sobre “Jesus que cura”, tendo o Papa evocado os momentos em que as pessoas se sentem “fechadas num beco sem saída”, a partir do relato da cura de um paralítico, narrada no quinto capítulo do Evangelho de São João (5,1-9).
Leão XIV precisou que Jesus se deslocou a Jerusalém e parou junto a um pórtico onde se encontravam pessoas doentes, “excluídas do templo por serem considerados impuras”.
“Estas pessoas esperavam por um milagre que pudesse mudar o seu destino; com efeito, junto ao portão existia uma piscina, cujas águas eram consideradas taumatúrgicas, isto é, capazes de curar: em certos momentos a água agitava-se e, segundo a crença da época, quem mergulhasse primeiro era curado”, explicou.
Criou-se, assim, uma espécie de ‘guerra entre os pobres’: podemos imaginar a triste cena destes doentes que se arrastavam laboriosamente para entrar na piscina”.

A cura de Jesus diz respeito a um homem paralítico há 38 anos, “resignado, pois nunca consegue mergulhar na piscina quando a água é agitada”.
“O que nos paralisa, muitas vezes, é precisamente a desilusão. Sentimo-nos desanimados e corremos o risco de cair na acédia”, observou o pontífice.
Leão XIV sustentou que é preciso superar atitudes que podem levar a “permanecer na condição de doentes” e “uma visão fatalista da vida”.
“Pensamos que as coisas nos acontecem porque não temos sorte, porque o destino está contra nós. Este homem está desanimado. Sente-se derrotado na luta da vida”, observou.
Após a cura, destacou o Papa, o homem pode “decidir o que fazer com a sua história”.
“Queridos irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor o dom de compreender onde a nossa vida parou. Procuremos dar voz ao nosso desejo de cura. E rezemos por todos aqueles que se sentem paralisados, que não veem saída. Peçamos para voltar a viver no Coração de Cristo, que é a verdadeira morada da misericórdia”, concluiu.
Após a catequese, Leão XVI dirigiu-se aos vários grupos de peregrinos, incluindo os de língua portuguesa, a quem deixou uma “carinhosa saudação”.
“Irmãos e irmãs, tenhamos cuidado para não esquecer o nosso papel na economia da salvação. Deus, com a sua graça, é o grande protagonista, mas o Senhor conta com a nossa ativa colaboração para nos curar de todas as enfermidades físicas ou espirituais. Que Jesus, médico dos corpos e das almas, vos abençoe”, declarou.
OC