Vaticano: Papa propõe «amizade» para transmitir a fé numa sociedade «paganizada»

Francisco encontrou-se com milhares de membros dos Cursilhos de Cristandade, antes de «Ultreia Europeia»

Lisboa, 25 nov 2014 (Ecclesia) – O Papa disse hoje que a Igreja Católica é chamada a “semear a amizade” e “acompanhar quem ficou à beira da estrada”, transmitindo assim a fé num tempo de “isolamento” e descrença.

“No atual contexto de anonimato e de isolamento, típico das nossas cidades, é importante a dimensão acolhedora, familiar, à medida do homem”, referiu, num encontro com milhares de membros dos Cursilhos de Cristandade, um dia antes da ‘Ultreia Europeia’, incluindo cerca de 300 portugueses.

Francisco elogiou o “método de evangelização” deste movimento, que procura uma “relação de amizade autêntica” para transmitir a “beleza da fé”.

As grandes cidades, acrescentou, mostram a progressiva “paganização da sociedade”, a qual exige que os católicos “façam alguma coisa para evangelizar”.

O Papa recordou os iniciadores dos Cursilhos, que procuraram anunciar a sua fé com “simpatia”, acompanhando as pessoas “com respeito e amor”.

“A simpatia, a companhia, é importante. Uma coisa do vosso movimento: vós não fizestes proselitismo e isso é uma virtude, a Igreja não cresce por proselitismo, mas por testemunho”, assinalou, em resposta a questões que foram colocadas por participantes no encontro.

Francisco apresentou-se como alguém “indisciplinado”, pedindo desculpa pela “confusão” que levou à mudança da data do encontro, inicialmente previsto para o dia 1 de maio.

O Papa agradeceu o trabalho “tão bonito” dos Cursilhos, convidando os seus membros a “sair, sem nunca parar, para ir ao encontro dos mais distantes”.

A intervenção sublinhou a importância dos gestos de caridade, com Francisco a desafiar os presentes a recitar as setes obras de misericórdia corporal e as sete obras de misericórdia espiritual.

“Para dar testemunho, é preciso reconhecer que tudo o que temos é puro dom, é presente, é gratuito, é graça. Isto não se compra nem se vende, é um caminho de gratuidade”, assinalou ainda.

Francisco contou a história de uma mãe, doente, que perguntou à sua filha que se tinha convertido ao Cristianismo: ‘Diz-me, o que é que sentes quando rezas?’.

Na sequência da conversa, a filha batizou a sua mãe, horas antes desta entrar em coma e, posteriormente, morrer.

“Estes são os milagres de Deus, através da vizinhança e do serviço”, sustentou.

Em 2017, o comité executivo do Organismo Mundial de Cursilhos de Cristandade, atualmente com sede em Portugal, vai organizar uma Ultreia mundial em Fátima, para os líderes do movimento, que vai celebrar o centenário das Aparições de Nossa Senhora e o nascimento do fundador dos Cursilhos de Cristandade, Eduardo Bonnín.

O movimento chegou a Portugal em 1960 e o primeiro cursilho realizou-se em Fátima, de 29 de novembro a 2 de dezembro desse ano.

OC

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Agência ECCLESIA

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