Vaticano: Papa presidiu a canonização da primeira santa argentina, alertando contra a intolerância e o egoísmo

Celebração na Basílica de São Pedro contou com a presença do presidente da Argentina

Cidade do Vaticano, 11 fev 2024 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje, no Vaticano, à canonização da primeira santa argentina, Maria Antónia de Paz y Figueroa, conhecida como “Mamã Antula” que viveu no séc. XVIII e se dedicou aos mais necessitados.

Na homilia da celebração, que decorreu na Basílica de São Pedro, Francisco elogiou quem vive a fé na oferta aos outros, “sem medos nem preconceitos, livres de formas de religiosidade anestesiante e desinteressada da carne do irmão”.

“Estejamos atentos, porque o diagnóstico é claro, é a lepra da alma: uma doença que nos torna insensíveis ao amor, à compaixão, que nos destrói através da gangrena do egoísmo, do preconceito, da indiferença e da intolerância”, advertiu.

A Missa de canonização da Beata Maria Antónia de São José de Paz y Figueroa (1730-1799), fundadora da casa de exercícios espirituais de Buenos Aires, contou com a presença do presidente da República Argentina, Javier Milei, que o Papa, natural deste país sul-americano, cumprimentou no início e no final da cerimónia.

A reflexão de Francisco partiu das passagens bíblicas lidas na Missa, que falavam da lepra, “uma doença que causa a progressiva destruição física da pessoa e que muitas vezes, infelizmente, ainda está hoje associada em certos lugares com atitudes de marginalização”

“Lepra e marginalização são dois males de que Jesus quer libertar o homem que encontra no Evangelho”, indicou.

O Papa lamentou atitudes de discriminação provocadas por “uma falsa religiosidade”, que levanta barreiras.

“Medo, preconceito e falsa religiosidade: aqui estão três causas de uma grande injustiça, três lepras da alma que fazem sofrer uma pessoa frágil, descartando-a como qualquer desperdício”, alertou.

Quantas pessoas sofredoras encontramos nos passeios das nossas cidades! E quantos medos, preconceitos e incoerências, mesmo entre quem acredita e se professa cristão. Esses medos continuam a ferir essas pessoas, ainda mais! Também no nosso tempo há tanta marginalização, há barreiras a derrubar, lepras a curar”.

Francisco convidou os católicos a caridade “sem alarde” na família, no trabalho, na paróquia e na escola, com “proximidade e discrição”.

“Se nos deixarmos tocar por Ele, também nós, com a força do seu Espírito, poderemos tornar-nos testemunhas do amor que salva”, observou, evocando a figura de Santa Maria Antónia de San José.

O Papa sublinhou que a nova santa foi uma “viajante do Espírito”, que “percorreu milhares de quilómetros a pé, por desertos e estradas perigosas, para levar Deus”.

“Hoje, ela é um modelo de fervor e audácia apostólica, para nós. Quando os jesuítas foram expulsos, o Espírito acendeu nela uma chama missionária baseada na confiança na providência e na perseverança”, acrescentou.

Francisco sublinhou ainda o papel da nova santa na introdução da devoção a São Caetano, hoje venerado como “intercessor da Divina Providência, entrou nas casas, nos bairros, nos meios de transporte, nas lojas, nas fábricas e nos corações, para oferecer uma vida digna por meio do trabalho, da justiça, do pão de cada dia, na mesa dos pobres”.

A canonização é a confirmação, por parte da Igreja Católica, de que um fiel católico é digno de culto público universal e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

Este é um ato reservado à Santa Sé, desde o século XII, e é ao Papa que compete inscrever o novo Santo no cânone.

OC

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Agência ECCLESIA

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