Celebração inserida no Jubileu da Misericórdia conta com delegação portuguesa
Cidade do Vaticano, 06 nov 2016 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje no Vaticano à Missa do Jubileu dos Reclusos, com presos e antigos detidos de 12 países, incluindo Portugal, contestando a “hipocrisia” de quem na prisão a única resposta ao mal.
“Cada vez que entro numa cadeia, pergunto-me: porquê eles e não eu? Todos podemos errar”, sublinhou Francisco, na homilia da celebração que decorreu na Basílica de São Pedro.
Diante de presos, ex-reclusos, familiares, voluntários e capelães prisionais, o Papa lamentou a “pouca confiança” que existe na “reabilitação”.
“Às vezes, uma certa hipocrisia impele a ver em vós apenas pessoas que erraram, para quem a única estrada é a prisão”, disse aos detidos.
Francisco sublinhou que, muitas vezes, há “prisioneiros” que não se apercebem das suas prisões, sejam elas os seus “preconceitos” ou “esquemas ideológicos”, como acontece com quem “absolutiza as leis de mercado”.
“Apontar o dedo contra alguém que errou não pode tornar-se um álibi para esconder as nossas próprias contradições, denunciou.
Antes da chegada do Papa, os participantes no evento viveram um momento de reflexão, com testemunhos e cânticos, seguido da recitação do terço, em preparação para a Missa, na qual foram consagradas hóstias confecionadas por alguns presos de Milão.
A homilia de Francisco sublinhou a importância da “esperança” e do perdão, apontando ao “futuro”.
“Aprendendo com os erros do passado, pode abrir-se um novo capítulo da vida. Não caiamos na tentação de pensar que não podemos ser perdoados”, pediu.
O Papa afirmou que “só a força de Deus, a misericórdia” pode curar “certas feridas”.
No sábado, os participantes – reclusos e seus familiares, funcionários penitenciários, capelães e voluntários da pastoral prisional e membros de associações católicas – tiveram a oportunidade de confessar-se, nas igrejas jubilares de Roma, seguindo em peregrinação para a porta santa da Basílica de São Pedro.
A Eucaristia de hoje contou com a inédita exposição de um crucifixo de madeira do século XIV que, à exceção do primeiro jubileu, em 1300 (convocado por Bonifácio VIII), viu todos os anos santos da Igreja Católica.
Junto à cruz foi colocada uma imagem de Nossa Senhora das Mercês, padroeira dos reclusos.
“Hoje veneramos a Virgem Maria nesta imagem que no-La representa como Mãe que sustenta nos seus braços Jesus com uma corrente quebrada, as correntes da escravidão e da prisão”, explicou o Papa.
“Que Ela pouse sobre cada um de vós o seu olhar materno; faça brotar do vosso coração a força da esperança para uma vida nova e digna de ser vivida na liberdade plena e no serviço do próximo”, concluiu.
A delegação portuguesa, com cerca de 80 pessoas, é acompanhada por D. Joaquim Mendes, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
OC