Vigília de oração contou com presença da imagem venerada na Capelinha das Aparições
Cidade do Vaticano, 11 out 2025 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje, no Vaticano, a uma vigília de oração pela paz, com a presença da imagem de Nossa Senhora de Fátima venerada na Capelinha das Aparições, lançando um apelo ao desarmamento global.
“«Mete a espada na bainha», palavra dirigida aos poderosos deste mundo, aos que guiam os destinos dos povos: tende a coragem do desarmamento! E, ao mesmo tempo, é dirigida a cada um de nós, para tomarmos cada vez mais consciência de que por nenhuma ideia, fé ou política podemos matar”, disse, num discurso proferido perante milhares de pessoas, reunidas na Praça de São Pedro.
Leão XIV falava aos participantes no Jubileu da Espiritualidade Mariana, vindos de dezenas de países.
“Como já recordei noutras ocasiões, a paz é desarmada e desarmante. Não é dissuasão, mas fraternidade; não é ultimato, mas diálogo. Não há de vir como fruto de vitórias sobre o inimigo, mas como resultado de sementeiras de justiça e de perdão corajoso”, referiu, após a recitação do Rosário.
“Há que desarmar, antes de tudo, o coração, pois se não houver paz em nós, não a daremos aos outros”, acrescentou.
Perante a imagem de Nossa Senhora de Fátima, o Papa convidou os peregrinos a “interceder pela paz”, lembrando as palavras de Jesus contra a violência.
“Coragem! Segui em frente, vós que construís as condições de um futuro de paz, na justiça e no perdão; sede mansos e firmes, não deixeis cair os braços. A paz é um caminho e Deus caminha convosco”, declarou.
No primeiro dia do Jubileu da Espiritualidade Mariana, no contexto do Ano Santo que a Igreja Católica está a celebrar, Leão XIV rezou pelo “dom da compaixão para com cada irmão e irmã que sofre, e por todas as criaturas”.
Olhamos para a Mãe de Jesus e para aquele pequeno grupo de mulheres corajosas junto à Cruz, para aprendermos também nós a permanecer como elas junto das infinitas cruzes do mundo, onde Cristo continua crucificado nos seus irmãos, levando aí conforto, comunhão e auxílio.”
O Papa propôs um “olhar diferente, a ver o mundo desde baixo, com os olhos de quem sofre, não com os dos poderosos”, denunciando “as fraturas da humanidade, onde se consuma a distorção do mundo”.
A intervenção concluiu-se com uma oração dirigida à Virgem Maria, Rainha da Paz.
“Ensina-nos a escutar o clamor dos pobres e da mãe terra, atentos aos apelos do Espírito no segredo do coração, na vida dos irmãos, nos acontecimentos da história, no gemido e no júbilo da criação”, pediu.
Ensina-nos a permanecer contigo junto das infinitas cruzes onde o teu Filho continua crucificado, onde a vida é mais ameaçada; a viver e testemunhar o amor cristão, acolhendo em cada homem um irmão; a renunciar ao egoísmo opaco para seguir Cristo, verdadeira luz do homem. Virgem da Paz, porta de esperança segura, acolhe a oração dos teus filhos!”
A vigília de oração pela paz, convocada por Leão XIV, começou com a oferta da Rosa de Ouro a Nossa Senhora de Fátima e encerrou-se com um momento de adoração eucarística e a bênção do Papa.
O ‘Ave de Fátima’, em português, acompanhou a entrada da imagem na Basílica de São Pedro.
A cerimónia evocou também o início do Concílio Vaticano II, a 11 de outubro de 1962 – cada dezena do Rosário foi acompanhada pela leitura de trechos do documento conciliar ‘Lumen Gentium’, que no seu oitavo capítulo aborda a figura da Virgem Maria.
O evento jubilar reúne mais de 30 mil peregrinos, entre os quais reitores e operadores de santuários, membros de movimentos, confrarias e vários grupos de oração mariana.
As celebrações concluem-se este domingo com a Missa presidida pelo Papa Leão XIV, na Praça de São Pedro, às 10h30 (menos uma em Lisboa); após a Eucaristia, a imagem de Nossa Senhora de Fátima regressa à Cova da Iria, para a peregrinação internacional aniversária do 13 de outubro.
OC
Vaticano: Papa ofereceu Rosa de Ouro a Nossa Senhora de Fátima