Leão XIV critica medidas da administração Trump contra migrantes nos EUA e alerta para situação dos cristãos na Nigéria

Roma, 18 nov 2025 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje a um cessar-fogo na Ucrânia para abrir caminho a negociações de paz, criticando ainda as medidas da administração Trump contra migrantes nos EUA.
“Se não houver um cessar-fogo, se [Ucrânia e Rússia] não chegarem a algum ponto para dialogar e ver como resolver este problema, infelizmente todos os dias há pessoas a morrer” alertou Leão XIV, falando aos jornalistas que esperavam pela saída da residência pontifícia de Castel Gandolfo, nos arredores de Roma.
“Penso que é necessário insistir na paz, começando com este cessar-fogo e depois dialogar”, acrescentou.
O Papa foi questionado sobre a possibilidade de um plano de paz que passe pela cessão dos territórios ocupados pelos russos, indicando que a decisão compete aos ucranianos.
“A Constituição da Ucrânia é muito clara”, precisou.
Leão XIV falou ainda da recente declaração dos bispos dos EUA sobre as políticas da administração Trump contra os migrantes.
“Já fiz algumas declarações sobre isso, aprecio muito o que os bispos disseram. Acho que é uma declaração muito importante. Convido especialmente todos os católicos, mas também as pessoas de boa vontade, a ouvirem com atenção”, acrescentou o pontífice.
Acho que devemos procurar maneiras de tratar as pessoas de forma humana, com a dignidade que têm. Se as pessoas estão nos Estados Unidos ilegalmente, há maneiras de lidar com isso, há juízes, há um sistema de justiça.”
O Papa considerou que o atual sistema norte-americano tem “muitos problemas”.
“Ninguém disse que os Estados Unidos deveriam ter fronteiras abertas. Considero que cada país tem o direito de determinar quem, quando e como entra, mas quando as pessoas vivem boas vidas – muitas delas durante 10, 15, 20 anos -, mas são tratadas de forma extremamente desrespeitosa, para dizer o mínimo… e houve alguma violência, infelizmente”, alertou.
Leão XIV retomou os apelos do último domingo, na oração do ângelus, falando da onda de ódio e violência que atinge a Nigéria.
“Acredito que, nalguns lugares da Nigéria, há certamente um perigo não só para os cristãos, mas também para todos, cristãos e muçulmanos foram mortos. Há a questão do terrorismo, há a questão que tem muito a ver com a economia e o controlo das terras”, assinalou.
“Infelizmente, muitos cristãos foram mortos”, prosseguiu o Papa, pedindo compromissos políticos “para promover a liberdade religiosa e o respeito por todos os povos”.
O Papa abordou ainda a audiência com a Conferência Episcopal Espanhola, nesta segunda-feira, em particular sobre o caso do bispo de Cádis e Ceuta, Rafael Zornoza, acusado de abuso sexual na década de 1990.
“Cada caso tem uma série de protocolos claramente estabelecidos”, afirmou.
O Vaticano abriu uma investigação ao bispo espanhol, após ter recebido uma denúncia de que este teria abusado sexualmente de um menor quando era padre em Getafe e dirigia o seminário diocesano.
Leão XIV realçou que “o próprio bispo teve de responder e insiste na sua inocência”.
“Foi aberta uma investigação e, por isso, é necessário permitir que a investigação siga em frente. Dependendo dos resultados, haverá consequências”, assumiu.
O Papa deixou ainda uma mensagem às vítimas de abusos.
“Em primeiro lugar, espero que encontrem um lugar seguro onde possam falar e apresentar os seus casos. A partir daí, é importante respeitar os processos que requerem tempo, já falamos da necessidade de seguir os passos indicados pela justiça, neste caso, da Igreja”, concluiu.
Os jornalistas quiseram também saber como é que o Papa passa esta pausa semanal em Castel Gandolfo, na residência pontifícia.
“Um pouco de desporto, um pouco de leitura, um pouco de trabalho. Todos os dias há correspondência, telefonemas, certas questões que talvez sejam mais importantes, mais urgentes. Um pouco de ténis, um pouco de piscina”, relatou.
Leão XIV assumiu a importância pessoal de “praticar alguma atividade para o corpo e a alma, tudo junto”.
OC
