Vaticano: Papa pede católicos centrados na misericórdia, sem condenações ou julgamentos

«A verdadeira justiça de Deus é a misericórdia que salva» – Francisco

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 08 jan 2023 (Ecclesia) – O Papa disse hoje no Vaticano que os católicos devem acreditar numa justiça que vem do “coração de Deus”, um “pai que se comove”, sem promover condenações ou julgamentos.

“A verdadeira justiça de Deus é a misericórdia que salva”, precisou, antes da recitação da oração do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício.

“Também nós, discípulos de Jesus, somos chamados a exercer deste modo a justiça, nas relações com os outros, na Igreja, na sociedade: não com a dureza de quem julga e condena, dividindo as pessoas em boas e más, mas com a misericórdia de quem acolhe, compartilhando as feridas e as fragilidades das irmãs e dos irmãos, para os levantar de novo”, acrescentou.

Segundo cerca de 30 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, Francisco assinalou que “a justiça de Deus não quer distribuir penas e castigos”.

“A sua justiça é o amor que partilha a nossa condição humana, que se faz próximo, se compadece da nossa dor, entrando nas nossas escuridão para levar a luz”, declarou.

A intervenção citou uma homilia do falecido Papa Bento XVI, a 13 de janeiro de 2008, também na festa do Batismo do Senhor, que se assinala hoje (9 de janeiro, em Portugal), encerrando o tempo litúrgico do Natal: “Deus quis salvar-nos indo ele mesmo até ao fundo do abismo da morte, para que cada homem, mesmo quem caiu tão em baixo que já não vê o céu, possa encontrar a mão de Deus à qual se agarrar e subir das trevas para ver de novo a luz para a qual ele é feito”.

Francisco lamentou que alguns católicos tenham medo de pensar “numa justiça tão misericordiosa”, convidando todos a “seguir em frente”.

“Gostaria de o dizer assim: não dividindo, mas partilhando [non dividendo, ma condividendo, em italiano]”, sustentou.

Não dividir, mas partilhar. Façamos como Jesus: partilhemos, carreguemos os fardos uns dos outros, em vez de bisbilhotar e destruir, olhemo-nos com compaixão, ajudemo-nos uns aos outros”.

O Papa renovou as suas críticas ao que designou como “discípulos da maledicência”, que promovem a divisão.

“A maledicência é uma arma letal, mata: mata o amor, mata a sociedade, mata a fraternidade”, advertiu.

OC

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Agência ECCLESIA

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