Francisco recebeu presidente da Itália e aludiu ainda às consequências da crise sobre as famílias e os jovens
Cidade do Vaticano, 08 jun 2013 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje no Vaticano ao respeito pela liberdade religiosa em todo o mundo e alertou para as consequências da crise “persistente” sobre as famílias e os jovens, num encontro com o presidente italiano.
“A liberdade religiosa é mais afirmada do que realizada, no mundo de hoje: Ela é, de facto, obrigada a sofrer ameaças de vários tipos e não raramente é violada”, declarou Francisco, na primeira audiência concedida a Giorgio Napolitano, reeleito a 20 de abril.
O Papa recordou que este ano se assinala o 17-º centenário do édito de Milão, assinado pelo imperador romano Constantino, “visto por muitos como símbolo da primeira afirmação do princípio da liberdade religiosa”.
“Os graves ultrajes infligidos a tal direito primário são fonte de séria preocupação e devem gerar uma reação concorde dos países do mundo para reafirmar, contra qualquer atentado, a intocável dignidade da pessoa humana”, acrescentou.
Segundo Francisco, é dever de todos “defender a liberdade religiosa e promovê-la” como um bem moral que representa uma garantia de “crescimento e de desenvolvimento para toda a comunidade”.
O Papa falou num momento de “crise global profunda e persistente” que tem vindo a acentuar os problemas económicos e sociais, sobretudo para as “partes mais fracas da sociedade”.
“São particularmente preocupantes os fenómenos como o enfraquecimento da família e dos laços sociais, da crise demográfica, a prevalência de lógicas que privilegiam o lucro face ao trabalho, a insuficiente atenção às gerações mais jovens e à sua formação”, sustentou.
O Papa declarou, neste contexto, que é “fundamental” garantir o funcionamento das instituições democráticas e promover uma “nova consideração pelo compromisso político”, no qual “crentes e não crentes, em conjunto, colaborem na promoção de uma sociedade em que as injustiças possam ser superadas”.
Francisco disse ainda que a Itália, seguindo o exemplo dos seus santos, “pode e deve superar qualquer divisão e crescer na justiça e na paz”.
A visita do presidente da Itália ao Vaticano, com duração de cerca de duas horas, prossegue com um encontro entre Napolitano e o secretário de Estado do Papa, cardeal Tarcisio Bertone.
O responsável máximo pela diplomacia do Vaticano manifestou ao chefe de Estado italiano a vontade de colaborar no “diálogo e no confronto com os vários atores da cena internacional e europeia para a resolução dos problemas económicos”, visando que “a pessoa humana seja sempre um fim e não um meio”.
O cardeal Bertone e o presidente Napolitano encontraram-se com representantes do corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé antes da visita à Capela da Pietà, na Basílica de São Pedro.
OC