Francisco saudou entrega do Nobel da Paz à Campanha Internacional para a abolição deste armamento
Cidade do Vaticano, 10 dez 2017 (Ecclesia) – O Papa associou-se hoje à celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, que considerou ligados ao desarmamento nuclear, saudando a atribuição do Nobel da Paz à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, sigla em inglês).
“Esse reconhecimento, em coincidência com o Dia das Nações Unidas para os Direitos Humanos, sublinha a forte ligação entre direitos humanos e o desarmamento nuclear”, referiu, após a recitação da oração do ângelus, no Vaticano.
Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco sustentou que o compromisso de tutelar a dignidade de todas as pessoas, “em particular as mais fracas e desfavorecidas”, implica também “trabalhar com determinação para construir um mundo sem armas nucleares”.
“Que Deus nos dê a capacidade de colaborar para construir a nossa casa comum: temos a liberdade e a inteligência de guiar a tecnologia, de limitar o nosso poder, ao serviço da paz e do verdadeiro progresso”, acrescentou.
No início deste mês, o Papa Francisco alertou para os riscos de uma guerra nuclear que coloque em risco a sobrevivência da humanidade, ao regressar ao Vaticano após visitar o Mianmar e o Bangladesh.
“Hoje estamos no limite da licitude de ter e usar as armas nucleares. Com o arsenal nuclear tão sofisticado que existe, arriscamo-nos à destruição da humanidade ou, pelo menos, de grande parte da humanidade”, referiu aos jornalistas que o acompanharam no voo entre Daca e Roma, num Boeing 777 da Biman.
Francisco apontou o dedo à “irracionalidade” dos líderes internacionais para justificar a mudança de visão no pontificado, dado que João Paulo II considerou a dissuasão nuclear como um recurso legítimo.
O pontífice evocou os casos de Hiroxima e Nagasáqui, no final da II Guerra Mundial, ou exemplos de acidentes como Chernobyl, “quando não se consegue ter controlo total da energia atómica”.
“Por isso, voltando às armas, que servem para ganhar, destruindo, digo: estamos no limite do que é lícito”, insistiu.
Um tratado para proibir armas nucleares em nível global foi adotado a 7 de julho pela Organização das Nações Unidas, apesar da oposição de várias potências nucleares.
OC