Francisco e estudantes universitários do continente americano debateram fenómeno das migrações
Cidade do Vaticano, 24 fev 2022 (Ecclesia) – O Papa recordou hoje quem tem de deixar a sua terra por causa da guerra, falando num encontro online com estudantes universitários do continente americano sobre o fenómeno das migrações.
“O problema das migrações é um dos dramas mais sérios: estamos a ver pessoas que têm de deixar a sua terra por causa de problemas políticos, guerras”, assinalou, no evento evento promovido pela Loyola University de Chicago e pela Comissão Pontifícia para a América Latina (Santa Sé).
Francisco recordou ainda as questões económicas e os casos de perseguição religiosa que motivam essas migrações.
“Todos os migrantes devem ser recebidos, acompanhados, promovidos e integrados”, apelou.
O Papa sustentou que “empatia, fraternidade e inclusão social” são os caminhos a seguir, falando da sua própria experiência como filho de imigrantes italianos.
“A vocação do cristão é construir pontes”, declarou.
Citando o exemplo de Gandhi, a intervenção observou que “a violência destrói, a violência não constrói”.
“Vemos isso nas ditaduras militares e não militares ao longo da história. Precisamos da profecia da não-violência”, declarou o pontífice.
Francisco pediu que os jovens tenham “sal e pimenta” na sua vida, com “inquietação” e “esperança”.
A conversa prolongou-se durante mais de uma hora, por via digital, com estudantes universitários que partilharam projetos educativos que visam uma maior justiça social, económica e ambiental.
“Uma das coisas que torna a sociedade suicida é renegar as suas raízes”, alertou o Papa.
A intervenção improvisada apelou a uma mudança “séria”, transformando as situações em que cada um vive.
“A missão de um jovem universitário é deixar um mundo muito mais justo do que o encontrou”, referiu Francisco.
O Papa admitiu a demora dos católicos em assumir o “problema ecológico”, pedindo que a Igreja não seja um “refúgio de gente conformista”.
“A mensagem do Evangelho vai na linha da mudança e do compromisso social, é muito claro”, prosseguiu.
Os jovens universitários, que deixaram uma saudação aos seus colegas da Ucrânia, queixaram-se da “narrativa cada vez mais tóxica” sobre os migrantes.
Em respostas, Francisco apelou a um trabalho de “desestigmatização” de quem deixou a sua terra.
OC