Encontro com embaixadores dos cinco continentes apelou ainda ao fim da pena de morte e a amnistias para reclusos
Cidade do Vaticano, 09 jan 2025 (Ecclesia) – O Papa insistiu hoje no perdão da dívida de países pobres e nos pedidos de justiça ecológica, num encontro com embaixadores dos cinco continentes, no Vaticano.
“Apelo às nações mais ricas para que perdoem as dívidas dos países que nunca as poderiam pagar. Não se trata apenas de um ato de solidariedade ou de magnanimidade, mas sobretudo de um ato de justiça, marcada também por uma nova forma de iniquidade da qual estamos hoje cada vez mais conscientes: a dívida ecológica, particularmente entre o Norte e o Sul”, referiu o discurso dirigido aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé.
Francisco confiou a leitura do discurso a um colaborador da Secretaria de Estado do Vaticano, devido a uma constipação.
A intervenção apresentada no tradicional encontro para os cumprimentos de Ano Novo, no Palácio Apostólico, evocou as decisões da COP29, em Baku, visando mais recursos financeiros para a ação climática.
“Ainda em função da dívida ecológica, é importante encontrar modos eficazes de converter a dívida externa dos países pobres em políticas e programas eficientes, criativas e responsáveis de desenvolvimento humano integral”, referiu.
O Papa sublinhou que o Jubileu 2025, que a Igreja Católica está a viver, “é um período propício à prática da justiça, ao perdão das dívidas e à comutação das penas dos prisioneiros”.
“No entanto, não há dívida que permita a ninguém, nem ao Estado, exigir a vida de outrem. A este respeito, reitero o meu apelo para que a pena de morte seja eliminada em todas as nações, uma vez que não encontra atualmente justificação entre os instrumentos adequados para reparar a justiça”, referiu o discurso.
A intervenção retomou outra das propostas do Papa para o Ano Santo, defendendo que, com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, se constitua “um Fundo mundial, para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres”.
“O meu desejo para este novo ano é que o Jubileu possa representar para todos, cristãos e não cristãos, uma oportunidade para repensar também as relações que nos unem, enquanto seres humanos e comunidades políticas; para superar a lógica do confronto e, em vez disso, abraçar a lógica do encontro”, assumiu o Papa.
Francisco denunciou a permanência de “múltiplas formas de escravatura”, denunciando que muitas pessoas são “escravas do seu trabalho, que de meio se transformou num fim da própria vida, e são frequentemente escravas de condições laborais desumanas, em termos de segurança, horários e salário”.
O discurso sublinhou também a “terrível escravatura da toxicodependência, que afeta sobretudo os jovens”.
184 Estados, incluindo Portugal, têm relações diplomáticas plenas com a Santa Sé, a que se somam a União Europeia e a Ordem Soberana e Militar de Malta.
OC