Vaticano: Papa homenageia cardeal morto durante regime comunista na Roménia

Leão XIV apresenta Beato Iuliu Hossu como «símbolo de fraternidade além de qualquer fronteira étnica ou religiosa», pelo apoio aos judeus durante a ocupação nazi

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 02 jun 2025 (Ecclesia) – O Papa evocou hoje, no Vaticano, o cardeal Iuliu Hossu (1885-1970), mártir da Igreja Católica que morreu durante o regime comunista na Roménia e apoiou os judeus durante a ocupação nazi.

“Reunimo-nos na Capela Sistina para comemorar, no Ano Jubilar dedicado à esperança, um apóstolo da esperança: o beato cardeal Iuliu Hossu, bispo greco-católico de Cluj-Gherla, pastor e mártir da fé durante a perseguição comunista na Roménia”, referiu Leão XIV, no início da cerimónia comemorativa.

A intervenção, divulgada pela Santa Sé, apresentou o bispo romeno como “símbolo de fraternidade além de qualquer fronteira étnica ou religiosa”.

“O seu processo de reconhecimento como ‘Justo entre as Nações’, iniciado em 2022, baseia-se no seu corajoso empenho em apoiar e salvar os judeus da Transilvânia do Norte quando, entre 1940 e 1944, os nazis implementaram o trágico plano de os deportar para os campos de extermínio”, assinalou o Papa.

“Correndo enormes riscos para si mesmo e para a Igreja Greco-Católica, o Beato Hossu empreendeu numerosas ações em favor dos judeus, para evitar a sua deportação”, acrescentou.

Próxima dos sofrimentos do povo judeu, que culminaram no drama do Holocausto, a Igreja sabe bem o que significam dor, marginalização e perseguição. Precisamente por isso, sente o compromisso de construir uma sociedade centrada no respeito pela dignidade humana como exigência da consciência.”

Iuliu Hossu foi criado cardeal ‘in pectore’ (sem anúncio público) por Paulo VI, a 28 de abril de 1969, quando se encontrava na prisão. “A sua vida foi um testemunho de fé vivida até ao fim, na oração e na dedicação ao próximo. Foi um homem de diálogo e um profeta de esperança, e o Papa Francisco beatificou-o a 2 de junho de 2019 em Blaj”, declarou Leão XIV.

O Papa afirmou que a mensagem do cardeal Hossu é “mais atual do que nunca”.

“O que ele fez pelos judeus da Roménia, as ações que realizou para proteger o próximo, apesar de todos os riscos e perigos, mostram-no como um modelo de homem livre, corajoso e generoso até ao sacrifício supremo”, apontou.

Leão XIV deixou um apelo aos vários responsáveis religiosos presentes na sessão comemorativa.

“Digamos não à violência, a toda a violência, ainda mais se perpetrada contra pessoas indefesas e desprotegidas, como crianças e famílias! Que Deus abençoe cada um de vós e os vossos entes queridos”, concluiu.

OC

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