Vaticano: Papa Francisco pede «construtores de pontes», que «fujam do protagonismo mundano» e respeitem «consciência humana»

Audiência ao Colégio Pontifício São João Nepomuceno evocou testemunho de «mártires escondidos»

Imagem: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 10 nov 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco pediu hoje à comunidade do Colégio Pontifício Nepomuceno, para serem “construtores de pontes” e invocou o testemunho de “mártires escondidos” que afirmaram o “primado da consciência sobre qualquer poder mundano”.

“Uma forma apropriada de honrar a sua memória (São João Nepomuceno) é então tentar, na vida concreta, construir pontes onde haja divisões, distâncias, mal-entendidos. De facto, sermos nós próprios pontes, instrumentos humildes e corajosos de encontro, de diálogo entre pessoas e grupos diferentes e opostos”, sugeriu Francisco esta manhã durante uma audiência tornada pública pela Sala de Imprensa do Vaticano.

Francisco pediu que o Colégio Pontifício seja “casa e escola de liberdade, liberdade interior”, disse que as mulheres sabem melhor construir pontes, mas afirmou ser necessário “oração”, lançando caminhos para que “duas margens distantes e hostis possam comunicar novamente”, e procurando fugir do “protagonismo mundano”.

“Não podemos e não devemos ser nós no centro, mas Ele! Fujamos à tentação do protagonismo mundano. Por favor, o Senhor quer que todos nós sejamos servos, irmãos e irmãs, não prima donnas ou primeiros atores, não protagonistas, e por vezes protagonistas de histórias tristes e histórias medíocres. Não. O Senhor quer que sejamos combatentes. Fujamos à tentação deste protagonismo mundano, que muitas vezes nos ilude, disfarçando-se de causas nobres”, explicou.

Francisco aludiu à “à multidão de mártires escondidos” que se levantaram contra “poderes políticos, ideológicos e culturais”, lembrando o testemunho de São João Nepomuceno que, nos dias de hoje, surge como “primado da consciência sobre qualquer poder mundano”.

“Cuidado com a mundanização espiritual, que é o pior que pode acontecer à Igreja, o pior que pode acontecer a um homem consagrado, a uma mulher consagrada. Cuidado com a vida mundana, com critérios mundanos. O primado da pessoa humana, a sua dignidade inalienável, que tem o seu centro precisamente na consciência, entendida não num sentido meramente psicológico, mas na sua plenitude, como abertura à transcendência”, alertou.

O colégio Nepomuk acolhe padres da República Checa mas também de países africanos e asiáticos sendo, afirmou o Papa, “sinal de comunidades mistas e internacionais”.

“A diminuição da presença europeia, pode tornar-se, se bem gerida, uma riqueza humana e formativa. Nesta diversidade podem exercitar-se melhor para serem «pontes», servidores da cultura do encontro, capazes de apreender no outro a originalidade peculiar e ao mesmo tempo a humanidade comum”, pediu.

LS

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Agência ECCLESIA

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