Cardeal Maradiaga adiantou os contributos do Conselho de Cardeais para a reforma da Cúria Romana
Lisboa, 14 dez 2014 (Ecclesia) – O cardeal Oscar Maradiaga, presidente da Cáritas Internacional, considera que Francisco criou uma “nova maneira de governar a Igreja” ao instituir um Conselho de Cardeais que reúne periodicamente para o ajudar na reforma da Cúria Romana.
“É uma nova maneira de governar a Igreja, que dá boas perspetivas para o futuro”, afirmou este sábado o presidente do Conselho de Cardeais, cardeal Maradiaga, aos jornalistas à margem da conferência promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz, em Lisboa, sobre “Dimensão Social da Evangelização no Mundo de Hoje”.
De acordo com o arcebispo de Tegucigalpa, nas Honduras, o Conselho de Cardeais, o chamado ‘C9’, “não foi uma invenção do Papa Francisco”, mas uma proposta das reuniões que precederam a sua eleição e que ele concretizou “mal começou o seu serviço”.
“Muitos cardeais disseram que o Santo Padre não estava bem informado. Muitas vezes filtram-se as informações, algumas nas Nunciaturas, outras nas Secretarias de Estado. Então, o Papa deveria ter um Conselho de Cardeais da base, de cada continente”, esclareceu D. Oscar Maradiaga.
O presidente do Conselho de Cardeais referiu que o Papa participa nas reuniões “não como inquisidor”, mas como “mais um”, gerando-se um clima de “muita confiança” que permite falar sobre “todos os problemas e sem meias-palavras”.
O Conselho de Cardeais já se pronunciou sobre questões financeiras do Vaticano, levando à criação de uma Secretaria de Economia, e agora está a trabalhar na reforma de outros setores da Cúria Romana.
“Fizemos uma sondagem em toda a Igreja e, a partir das indicações que nos chegaram, estamos a debater como tem de ser cada dicastério e concluímos que é conveniente reduzir o número de Conselhos”, adiantou o cardeal Maradiaga.
Para o arcebispo das Honduras, é “difícil” fazer reuniões periódicas entre os responsáveis dos muitos departamentos, estando sobre a mesa a proposta de agrupar o tema dos leigos, família e vida numa estrutura e noutra a caridade e justiça e paz.
D. Oscar Maradiaga recordou que a última Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana, “Pastor Bonus”, demorou oito anos a ser aprovada; rejeitando a ideia de que um novo documento possa estar concluído em 2015, desejou que não “demore tanto” como a atualmente em vigor.
D. Oscar Maradiaga, presidente da Cáritas Internacional, esteve este sábado em Lisboa para participar na conferência sobre o tema “Dimensão Social da Evangelização no Mundo de Hoje” promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz em parceria com a Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal e a Cáritas Portuguesa, que decorreu no Forum Picoas.
Nomeado pelo Papa em abril de 2013, o Conselho de Cardeais é composto pelo secretário de Estado do Vaticano, D. Pietro Parolin, e por D. Oscar Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa, Honduras, presidente da Cáritas Internacional; D. Giuseppe Bertello, presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano; D. Francisco Errázuriz Ossa, arcebispo emérito de Santiago do Chile; D. Oswald Gracias, arcebispo de Bombaím, na Índia; D. Reinhard Marx, arcebispo de Munique (Alemanha); D. Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa, na República Democrática do Congo; D. Sean Patrick O’Malley, arcebispo de Boston, nos EUA, e D. George Pell; o secretário do C9 é o bispo italiano D. Marcello Semeraro.
OC/JCP/PR