Cidade do Vaticano, 20 out 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou que o “aumento das desigualdades, da exploração do planeta” e “o trabalho indigno alimentam” a exclusão e as periferias existenciais na audiência aos participantes de um encontro promovido pela Academia Pontifícia das Ciências Sociais.
“O primeiro é o aumento endémico e sistémico das desigualdades e a exploração do planeta, que é maior que o aumento da renda e da riqueza”, disse esta manhã na Sala Clementina.
No discurso publicado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, o pontífice argentino afirmou que a desigualdade e a exploração “não são uma fatalidade nem uma constante histórica”.
“Eles não são uma fatalidade porque dependem, além dos diferentes comportamentos individuais, também das regras económicas que uma sociedade decide dar”, desenvolveu.
Francisco realçou que se o lucro prevalecer “a democracia tende a se tornar uma plutocracia” em que as desigualdades e a exploração do planeta crescem.
Neste contexto, explicou que “há momentos em que, em alguns países, as desigualdades diminuem e o meio ambiente está mais protegido”.
Segundo o Papa a outra causa de exclusão é o “trabalho indigno” e explicou que para criar novos empregos são precisas pessoas “abertas e empreendedoras, de relações fraternas, de pesquisas e investimentos” no desenvolvimento de energia limpa para “enfrentar os desafios das mudanças climáticas”.
“A ação política deve ser colocada ao serviço da pessoa humana, do bem comum e do respeito pela natureza”, acrescentou, explicando que é necessário libertar-se das “pressões dos lobbies públicos e privados” que defendem os interesses setoriais e também “é necessário superar as formas de preguiça espiritual”.
Para o Papa Francisco o Estado “não pode” ser “o único e exclusivo detentor do bem comum” ao não permitir que “os corpos intermediários da sociedade civil expressem livremente todo seu potencial” porque seria uma “violação do princípio da subsidiariedade”.
“Devemos pedir ao mercado não só ser eficiente na produção de riqueza e garantir um crescimento sustentável, mas também estar ao serviço do desenvolvimento humano integra”, referiu ainda na audiência matinal.
Sobre o encontro promovido pela Academia Pontifícia das Ciências Sociais o pontífice assinalou que “chama a atenção para uma necessidade altamente relevante” de desenvolver “novos modelos de cooperação entre o mercado, o Estado e a sociedade civil”.
A academia foi instituída pelo Papa São João Paulo II para promover o estudo e o progresso das ciências sociais, económicas, políticas e jurídicas, e oferecer à Igreja elementos a serem usados no estudo e no desenvolvimento da doutrina social.
CB