Vaticano: Papa explica que «pecado original» é destruir a relação com Deus e pôr-se no seu lugar

Origem divina da vida «é a razão mais profunda da inviolabilidade da dignidade humana»

Cidade do Vaticano, 06 fev 2013 (Ecclesia) – O Papa afirmou hoje no Vaticano que o “pecado original”, realidade “difícil de compreender”, consiste em “perturbar ou destruir a relação com Deus, colocando-se no seu lugar”.

Ao ser “perturbada a relação fundamental, são também comprometidos ou destruídos os outros pólos da relação”, elemento essencial para o ser humano, dado que ninguém “pode viver apenas de si e por si”, disse Bento XVI.

“Por vezes, somos tentados a ver esta dependência do amor criador de Deus como um peso a libertar. Mas, indo contra o seu Criador, o ser humano renega a sua origem e a sua verdade, e o mal entra no mundo com a sua penosa cadeia de sofrimentos e morte”, assinalou.

Perante milhares de peregrinos reunidos na Sala Paulo VI, o Papa sublinhou que apenas “o Criador”, através de “Jesus Cristo”, é capaz de repor o relacionamento de cada pessoa com Deus e com a humanidade: “As relações adequadas podem ser reatadas só se aquele do qual nos distanciámos vem a nós e nos estende a mão com amor”.

[[v,d,3769,]]A catequese papal desta audiência geral foi dedicada a uma das primeiras formulações da profissão de fé (Credo) católica: Deus “criador do céu e da terra”.

O ser humano, apesar de estar “no vértice da criação” divina, defronta-se com “o paradoxo” de a sua “pequenez e caducidade” conviverem com “a grandeza do que o amor eterno de Deus quis para ele”.

Ao referir-se a uma das imagens da criação do homem e da mulher utilizadas na Bíblia, o Papa salientou que “todos os seres humanos são pó, para além das distinções realizadas pela cultura e pela história, para além de todas as diferenças sociais”.

A origem divina da vida “é a razão mais profunda da inviolabilidade da dignidade humana contra todas as tentações de avaliar a pessoa segundo critérios utilitaristas e de poder”, vincou.

Para Bento XVI a criação torna-se lugar no qual se conhece a “omnipotência e a “bondade” de Deus, pelo que a fé implica “saber reconhecer o invisível” discernindo-o nos “vestígios do mundo visível”.

Depois de mencionar o primeiro versículo da Bíblia, “No princípio Deus criou o céu e a terra”, o Papa afirmou que é “no livro da Sagrada Escritura que a inteligência humana pode encontrar, à luz da fé, a chave de interpretação para compreender o mundo”.

“Mas faz sentido, na época da ciência e da técnica, falar ainda de criação? Como devemos compreender a narração do Génesis”, primeiro livro da Bíblia, questionou.

A Escritura, que “não pretende ser um manual de ciências naturais”, quer iluminar a “verdade autêntica e profunda” da realidade, sustentou Bento XVI, acrescentando que “o mundo não é um conjunto de forças contrárias entre si” mas tem em Deus a sua “origem e estabilidade”.

“Que nada vos impeça de viver e crescer na amizade de Deus Pai criador, e testemunhar a todos a sua bondade e misericórdia”, disse Bento XVI em português aos peregrinos lusófonos.

Após a audiência a conta de Bento XVI na rede social Twitter emitiu a seguinte mensagem: “Tudo é dom de Deus: só reconhecendo esta dependência vital do Criador é que encontraremos liberdade e paz”.

Atualizado às 12h53.

RJM

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Agência ECCLESIA

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