Vaticano: Papa exorta a atitude de acolhimento numa sociedade onde o «isolamento é dramático»

Leão XIV recebeu delegação da Obra São Francisco para os Pobres de Milão em audiência, no Vaticano

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 01 set 2025 (Ecclesia) – O Papa exortou hoje, no Vaticano, a praticar a atitude de acolhimento, que considera ser essencial nos dias de hoje em que o “isolamento é dramático”.

“Quanto é necessário difundir esta sensibilidade na nossa sociedade, onde, por vezes, o isolamento é dramático!”, afirmou Leão XIV, esta manhã, na Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano, numa audiência.

As declarações integram o discurso a uma delegação de 350 pessoas da Obra de São Francisco para os Pobres da cidade italiana de Milão, no qual Leão XIV destacou três dimensões do trabalho da instituição: assistir, acolher e promover.

Para o Papa, acolher é “fazer espaço para o outro no próprio coração, na própria vida, dedicando tempo, ouvindo, apoiando, rezando”.

“É a atitude de olhar nos olhos, de apertar a mão, de se inclinar, tão cara ao Papa Francisco que nos leva a cultivar, nos nossos ambientes, um clima familiar e que nos ajuda a superar a solidão do ‘eu’ através da comunhão luminosa do ‘nós’”, lembrou.

Sobre a atitude de assistir, o Papa evocou-a como o “estar presente para as necessidade do próximo”, salientando que, a este respeito, “é impressionante a quantidade e a variedade de serviços que, ao longo dos anos”, a da Obra de São Francisco para os Pobres conseguiu organizar e oferecer àqueles por quem são solicitados.

“Desde refeitórios a roupeiros, de chuveiros a consultórios médicos, de serviços de apoio psicológico a aconselhamento profissional, para citar alguns exemplos, chegando a apoiar de várias maneiras mais de trinta mil pessoas por ano”, enumerou.

Por fim, Leão XIV sublinhou a dimensão do promover, indicando que “aqui entram em jogo o desinteresse do dom e o respeito pela dignidade das pessoas, pelo que se cuida de quem se encontra simplesmente pelo seu bem, para que possa crescer em todo o seu potencial e seguir o seu caminho, sem esperar nada em troca e sem impor condições”.

“Tal como Deus faz com cada um de nós, indicando-nos um caminho, oferecendo-nos toda a ajuda necessária para o percorrer, mas deixando-nos livres”, assinalou.

O Papa enfatizou que esta é a” tarefa que a Igreja” confia ao grupo ligado à Obra de São Francisco para os Pobres de Milão, “para o bem das pessoas que gravitam em torno das estruturas” que gerem e “também de toda a sociedade”.

“Viver a caridade na atenção ao bem integral do próximo, de facto, ‘é uma grande oportunidade para o crescimento moral, cultural e também económico de toda a humanidade’”, defendeu.

Na audiência, o Papa recordou que há quase setenta anos que a Obra São Francisco para os Pobres de Milão “se empenha em ‘garantir assistência e acolhimento às pessoas necessitadas e promover o desenvolvimento humano integral da pessoa, seguindo a tradição cristã, especialmente franciscana, a doutrina da Igreja e o seu Magistério’”.

O pontífice lembrou que “a Obra nasceu do grande coração de um humilde frade porteiro, o Venerável Frei Cecilio Maria Cortinovis, sensível às necessidades dos pobres que batiam à porta do Convento Capuchinho de Viale Piave, em Milão”.

“Hoje recordamos uma história de caridade que, nascida da fé de um homem, floresceu dando vida a uma grande comunidade promotora da paz e da justiça. Celebramos uma história feita não de benfeitores e beneficiados, mas de irmãos e irmãs que se reconhecem, uns pelos outros, como dom de Deus, sua presença, ajuda recíproca num caminho de santidade”, ressaltou.

LJ/OC

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