Vaticano: Papa evoca «grito» dos povos que pedem a paz, perante militares de 100 países

Jubileu das Forças Armadas levou a Roma cerca de 30 mil participantes, que ouviram elogios de Francisco pela sua ação em defesa das populações

Cidade do Vaticano, 09 fev 2025 (Ecclesia) – O Papa evocou hoje, no Vaticano, o “grito” dos povos que pedem a paz, falando perante cerca de 30 mil participantes no Jubileu das Forças Armadas, vindos de uma centena de países.

Irmãos e irmãs, rezemos pela paz: na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, em Myanmar, em todo o Médio Oriente, em Kivu [RDC], no Sudão. Que as armas sejam silenciadas em todo o mundo e que o grito dos povos pela paz seja ouvido”, disse, no final da Missa a que presidiu na Praça de São Pedro.

Francisco saudou todos os presentes na peregrinação jubilar das Forças Armadas, da Polícia e das Forças de Segurança, deixando uma saudação a “todos os militares do mundo”.

“Aqueles que exercem a sua profissão nas fileiras do exército, ao serviço da pátria, devem considerar-se também servidores da segurança e da liberdade dos seus povos. Este serviço armado deve ser exercido apenas para fins de legítima defesa, nunca para impor o domínio sobre outras nações, observando sempre as convenções internacionais sobre conflitos e, antes de tudo, com sagrado respeito pela vida e a criação”, indicou.

Na conclusão do segundo grande encontro do Ano Santo, no Vaticano, o Papa começou por pronunciar a sua homilia, centrada em três verbos – “viu, subiu, sentou-se” – a partir da atitude de Jesus no lago de Genesaré.

“Jesus coloca sempre em primeiro lugar o encontro com os outros, a relação, a preocupação com cansaços e fracassos que, muitas vezes, pesam no coração e tiram a esperança”, observou.

Francisco sublinhou o “olhar atento” de Cristo, um olhar “cheio de compaixão”.

“Não o esqueçamos: Deus é próximo, Deus é terno, Deus é compassivo, sempre”, assinalou.

O Papa assumiu as “dificuldades em respirar”, provocadas por uma bronquite, que o obrigou alterar a sua agenda, nos últimos dias, e pediu “desculpas”, antes de passar ao mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, D. Diego Ravelli, a responsabilidade de ler a intervenção preparada.

A reflexão dirigiu-se às autoridades, associações, responsáveis católicos e membros das Forças Armadas e de Segurança, destacando a sua “grande missão”, que abrange várias “dimensões da vida social e política”.

“A defesa dos nossos países, o empenho na segurança, a tutela da legalidade e da justiça, a presença nas prisões, a luta contra a criminalidade e as várias formas de violência que ameaçam perturbar a paz social. Recordo também aqueles que oferecem o seu importante serviço nas catástrofes naturais, para a proteção da criação, para salvar vidas no mar, para os mais frágeis, para a promoção da paz”, destacou a homilia.

A vossa presença nas nossas cidades e nos nossos bairros, o vosso estar sempre do lado da legalidade e do lado dos mais fracos, tornam-se uma lição para todos nós: ensinam-nos que a bondade pode vencer, apesar de tudo; ensinam-nos que a justiça, a lealdade e a paixão cívica continuam a ser valores necessários atualmente; ensinam-nos que podemos criar um mundo mais humano, mais justo e mais fraterno, apesar das forças contrárias do mal”.

Foto: Vatican Media

A reflexão elogiou ainda ao papel dos capelães, realçando que os mesmos “não servem – como por vezes, infelizmente, aconteceu na história – para abençoar atos perversos de guerra”.

“Eles estão no meio de vós como a presença de Cristo, que quer acompanhar-vos, oferecer-vos uma escuta e uma proximidade, encorajar-vos a fazerem-se ao mar e apoiar-vos na missão que desempenhais todos os dias. Como apoio moral e espiritual, eles fazem o caminho convosco”, precisou Francisco.

A homilia sustentou que o objetivo do serviço das forças militares e policiais é “promover a vida, salvar a vida, defender sempre a vida”.

Francisco esteve, como habitualmente, sentado na cadeira da presidência, numa posição lateral ao altar, devido aos problemas que o afetam no joelho.

A Missa foi celebrada no altar pelo cardeal Robert Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, acompanhado por D. Santo Marcianò, ordinário militar da Itália, e o arcebispo de Vilnius, D. Gintaras Grusas, presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), juntamente com mais de 300 concelebrantes, entre cardeais, bispos e sacerdotes.

O Papa deixou a Praça de São Pedro em veículo fechado, no final da Missa e após a recitação do ângelus, seguindo para a Casa de Santa Marta sem passar pelo meio da multidão.

Foto: Vatican Media

O Jubileu das Forças Armadas, Polícia e Segurança, que se iniciou este sábado, foi dedicado pelo Vaticano às populações que vivem debaixo da violência e da guerra.

A celebração começou com a peregrinação à Porta Santa da Basílica de São Pedro, durante a manhã de sábado, e, de tarde, as delegações dos vários países puderam participar na cerimónia de acolhimento, preparada pela Itália, que ofereceu às delegações de todos os países um momento de música, com a participação de bandas e fanfarras, na Piazza del Popolo, em Roma.

O Ano Santo, 27.º jubileu ordinário da história da Igreja, foi proclamado pelo Papa Francisco na bula ‘Spes non confundit’ (A esperança não engana) e teve início no dia 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro.

OC

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