Vaticano: Papa evoca «conflitos em aberto» e apela a «não ceder à lógica das armas»

Francisco escreveu mensagem a propósito do aniversário de voto a Maria Salus Populi Romani, quando a cidade de Roma estava prestes a ser invadida, durante a II Guerra Mundial

Papa Francisco e ícone cone de Nossa Senhora, Salus Populi Romani
Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 05 jun 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco lembrou esta terça-feira os conflitos em aberto em diferentes regiões do mundo, pedindo que não se ceda “à lógica das armas”, numa carta enviada a D. Baldassarre Reina, vicerregente da Diocese de Roma.

“Demasiados conflitos em diferentes partes do mundo continuam ainda hoje em aberto. Estou a pensar, em particular, na atormentada Ucrânia, na Palestina e em Israel, no Sudão, em Myanmar, onde as armas continuam a fazer barulho e mais sangue humano continua a ser derramado”, afirmou o Papa, na mensagem por ocasião do 80. º aniversário do voto da cidade de Roma e do Papa Pio XII ao ícone de Nossa Senhora Maria ‘Salus Populi Romani’ .

Francisco destacou que estes “são dramas que afetam inúmeras vítimas inocentes, cujos gritos de terror e sofrimento põem em causa a consciência de todos”.

“Não podemos nem devemos ceder à lógica das armas!”, pediu.

A mensagem assinalou que pela primeira vez se celebra a memória litúrgica de Santa Maria ‘Salus Populi Romani’ , recordando quando o Papa Pio XII se dirigiu a Nossa Senhora a 4 de junho de 1944 para implorar a salvação da cidade, quando estava iminente o confronto entre o exército alemão e os aliados anglo-americanos.

“Os factos marcantes da vida religiosa e civil de Roma tiveram eco diante desta imagem [de Maria ‘Salus Populi Romani’ ]. Não é, pois, de estranhar que o povo romano tenha desejado confiar de novo em Maria ‘Salus Populi Romani’ , enquanto a urbe vivia o pesadelo da devastação nazi”, referiu.

O Papa destaca que 80 anos depois, a recordação do acontecimento “tão cheio de significado “quer ser uma ocasião de oração por aqueles que perderam a vida na II Guerra Mundial e de meditação renovada sobre o tremendo flagelo da guerra”.

Na carta, publicada pela Santa Sé, o pontífice lembra que 20 anos após o fim da 2ªguerra mundial, em 1965, o Papa São Paulo VI, falava acerca da Organização das Nações Unidas, quando colocou a questão: “Será que o mundo chegará a mudar a mentalidade particularista e bélica que até agora teceu grande parte de sua história?”.

Para Francisco, esta “pergunta, que ainda aguarda uma resposta, estimula todos a trabalhar concretamente pela paz na Europa e em todo o mundo”.

“A paz é um dom de Deus, que deve encontrar também hoje corações dispostos a acolhê-la e a trabalhar para serem construtores de reconciliação e testemunhas de esperança”, realçou.

O Papa espera que “as iniciativas promovidas para comemorar o voto popular à Mãe de Deus, nos quatro lugares que foram protagonistas daquele acontecimento, possam reavivar nos romanos a intenção de serem construtores de uma verdadeira paz em todos os lugares, relançando a fraternidade como condição essencial para recompor conflitos e hostilidade”.

“Pode ser construtor de paz quem a possui dentro de si e, com coragem e mansidão, se empenha em criar laços, em estabelecer relações entre as pessoas, em apaziguar as tensões na família, no trabalho, na escola, entre os amigos”, indica o Papa.

No final da mensagem, Francisco pede a Nossa Senhora Medianeira para que “obtenha para toda a humanidade o dom da concórdia e da paz”.

“Confio todo o povo de Roma, especialmente os idosos, os doentes, os solitários e as pessoas em dificuldade, à intercessão materna de Maria ‘Salus Populi Romani’ ”, conclui.

LJ/OC

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