«Se as paróquias não forem sinodais e missionárias, também a Igreja não o será» – Francisco
Cidade do Vaticano, 02 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa enviou hoje uma carta aos párocos de todo o mundo, que desafiou a viver com “entusiasmo” o processo sinodal que está a decorrer.
“Jamais nos tornaremos uma Igreja sinodal missionária, se as comunidades paroquiais não fizerem, da participação de todos os batizados na única missão de anunciar o Evangelho, o traço caraterístico da sua vida. Se as paróquias não forem sinodais e missionárias, também a Igreja não o será”, indica, numa missiva divulgada pelo Vaticano e entregue aos participantes no encontro internacional de párocos, que decorreu desde segunda-feira, em Roma.
A iniciativa foi convocada para recolher contributos de mais de 200 sacerdotes, incluindo três portugueses, para a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, cuja segunda sessão vai decorrer de 2 a 27 de outubro deste ano.
Francisco destacou que os responsáveis pelas paróquias católicas “conhecem de perto a vida do povo de Deus”, nos seus vários contextos.
“É por isso que uma Igreja sinodal tem necessidade dos seus párocos: sem eles, nunca poderemos aprender a caminhar juntos”, acrescentou.
A carta começa com uma mensagem de reconhecimento e gratidão pelo “empenho e serviço” dos párocos, desejando que as comunidades se tornem “cada vez mais lugares donde os batizados partem como discípulos missionários”
Como pastores, somos chamados a acompanhar neste percurso as comunidades que servimos e ao mesmo tempo empenhar-nos, com a oração, o discernimento e o zelo apostólico, por que o nosso ministério esteja adequado às exigências duma Igreja sinodal missionária”.
O Papa sublinha que é necessário ir ao encontro do “núcleo mais autêntico” do serviço da Igreja, que é “anunciar a Palavra e reunir a comunidade na fração do pão”.
A carta convida os párocos a praticar a “arte do discernimento comunitário”, com a ajuda das estruturas que já existem na comunidade, como o Conselho Pastoral Paroquial, e “em muitos outros campos”.
Francisco destaca ainda a importância da “partilha e a fraternidade” entre os sacerdotes e com os seus bispos, em cada diocese.
“Não podemos ser autênticos pais, se não formos, antes de tudo, filhos e irmãos. E não seremos capazes de suscitar comunhão e participação nas comunidades que nos são confiadas se, primeiro, não as vivermos entre nós”, sustenta.
A carta realça que a Igreja conta com a “voz” dos párocos para preparar a segunda sessão do Sínodo 2021-2024 que tem por tema ‘Por uma Igreja Sinodal. Comunhão, participação, missão’.
“Convido quantos participaram no encontro internacional ‘Párocos para o Sínodo’ a serem missionários de sinodalidade, nomeadamente entre os seus irmãos párocos, quando regressarem a casa, animando a reflexão sobre a renovação do ministério de pároco em chave sinodal e missionária”, apela o pontífice.
O Papa adverte que a escuta dos párocos “não pode terminar hoje”, com o fim do encontro internacional, promovido por vários organismos da Cúria Romana.
“Precisamos de continuar a ouvir-vos”, insiste.
A Conferência Episcopal Portuguesa nomeou, como participantes neste encontro internacional o padre Sérgio Leal, da Diocese do Porto, e o padre Adelino Guarda, da Diocese de Leiria-Fátima; o padre António Bacelar, da Diocese do Porto, participou como convidado da Secretaria-Geral do Sínodo.
O Vaticano apontava como objetivos do encontro internacional “escutar e valorizar a experiência sinodal” que os sacerdotes vivem “nas suas respetivas paróquias e dioceses”.
O relatório de síntese da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos aludia à necessidade de “desenvolver modalidades para um envolvimento mais ativo de diáconos, presbíteros e bispos no processo sinodal durante o próximo ano”.
Os resultados da reunião vão contribuir para a elaboração do documento de trabalho (Instrumentum laboris) da segunda sessão da Assembleia Sinodal, que vai decorrer em outubro.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
OC
Sínodo 2021-2024: «A paróquia não é uma estrutura caduca» – Padre Sérgio Leal