Francisco defende criação de «plataforma de interesse público»
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Cidade do Vaticano, 11 fev 2025 (Ecclesia) – O Papa enviou uma mensagem aos participantes na Cimeira de Ação sobre inteligência artificial (IA), que se encerra hoje em Paris, apelando à criação de uma “plataforma de interesse público”.
“Espero que a Cimeira de Paris avance para a criação de uma plataforma de interesse público sobre a inteligência artificial e desejo que cada nação possa encontrar na inteligência artificial um instrumento para o desenvolvimento e a luta contra a pobreza e para a proteção das culturas e das línguas locais”, refere o texto, dirigido ao presidente francês, Emmanuel Macron.
“Só assim todos os povos do mundo poderão contribuir para a criação de dados, que serão utilizados pela inteligência artificial, representando a verdadeira diversidade e riqueza que caracteriza a humanidade no seu conjunto”, acrescenta a mensagem, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.
O encontro, iniciado esta segunda-feira, reúuniu líderes governamentais, organizações internacionais, académicos, artistas e membros da sociedade civil, estando Portugal representado pela ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes.
Francisco recorda a sua intervenção perante os responsáveis do G7, em 2024, reforçando a necessidade urgente de “garantir e proteger um grau significativo de controlo humano” sobre o processo de escolha da IA.
“Os vossos esforços, caros participantes, são um exemplo luminoso de uma política sólida que procura fazer com que as inovações tecnológicas se inscrevam num projeto de bem comum”, acrescenta.
Estou convencido de que a inteligência artificial pode tornar-se uma ferramenta poderosa para cientistas e especialistas que procuram, em conjunto, soluções inovadoras e criativas para a ecossustentabilidade do nosso planeta”.
A mensagem, alerta, no entanto, para os danos ambientais da IA, em particular “o consumo de energia associado ao funcionamento das infraestruturas”.
O Papa recorda a sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2024, dedicada à IA, sublinhando que “devem ser tidas em conta as vozes de todas as partes interessadas, incluindo os pobres, os marginalizados e outros que muitas vezes permanecem ignorados nos processos globais de tomada de decisões”.
“Espero que os trabalhos das futuras cimeiras, que deverão seguir-se a esta, examinem mais pormenorizadamente os efeitos sociais da inteligência artificial nas relações humanas, na informação e na educação”, apela ainda Francisco.
A 28 de janeiro, o Dicastério para a Doutrina da Fé e o Dicastério para a Cultura e a Educação, organismos da Santa Sé, lançaram uma nota conjunta sobre ‘Inteligência Artificial e Inteligência Humana’.
Mais de seis dezenas de países assinaram uma declaração para uma inteligência artificial aberta, inclusiva e ética, divulgada no final da Cimeira de Ação sobre a IA.
O documento pede uma maior coordenação da governação da IA, exigindo um “diálogo global” e que se evite a “concentração do mercado”, para tornar a tecnologia mais acessível.
OC
Notícia atualizada às 15h00
Vaticano: Novo documento alerta para riscos da inteligência artificial e das «big tech»