Leão XIV enviou mensagem aos participantes de encontro nos arredores de Roma, convidando-os a conhecer «economia divina»
Cidade do Vaticano, 28 nov 2025 (Ecclesia) – O Papa enviou hoje uma mensagem ao encontro internacional da Fundação Economia de Francisco (EoF), encorajando jovens a incentivar outros a sair da indiferença e a “acolher o Reino de Deus”.
“Caríssimos, a rede de amizade e de trabalho que vocês representam é um ‘não’ à resignação. Vocês podem incentivar muitos outros jovens a sair da indiferença ou do recinto dos objetivos pessoais e de grupo, para acolher o Reino de Deus e a sua justiça através de novas formas de amar o bem comum”, afirmou Leão XIV.
Segundo o Papa, “trata-se de reacender os sonhos, de valorizar a oração, o estudo e o trabalho, o pensar juntos, como verdadeiras energias de renovação”.
A EoF promove um encontro internacional, entre de hoje e domingo, em Castel Gandolfo, nos arredores de Roma, reunindo cerca de 600 participantes de 66 nacionalidades, que visa repensar a economia à luz do Jubileu, com foco na justiça social, no cuidado com a terra e no perdão da dívida, com a ajuda de estudantes, jovens, economistas, empresários e agentes de mudança.
“O título do vosso encontro é ‘Restarting the Economy’ [Reiniciando a Economia]: uma economia que recomeça não é apenas uma máquina que produz, mas uma atividade que devolve a vida às pessoas, às comunidades, à nossa casa comum”, salientou.
Segundo Leão XIV, “recomeçar significa libertar das correntes da injustiça, restaurar o que foi ferido e criar espaços onde cada homem e mulher possam respirar dignidade e esperança” e “pode implicar mudar de direção e explorar novos caminhos”.
Falando sobre as “coisas novas”, a que se referia o Papa Leão XIII no final do século XIX, na Encíclica “Rerum Novarum”, o atual pontífice convidou os jovens olhá-las “partindo da periferia.
Vocês conhecem bem essa perspetiva, porque só se pode considerar ‘de Francisco’ uma economia que se despoja do privilégio e abraça a realidade, começando pelo leproso, ou seja, por quem é descartado, expulso e removido”, realçou.
O Papa encorajou os participantes do encontro a mostrar com as suas vidas, os empreendimentos, os estudos, “quais são as incapacidades de um sistema que aumenta as desigualdades e não consegue cuidar dos pequenos e dos fracos”.
“Juntos, podemos acolher os sonhos de Deus e ver que eles ampliam os nossos sonhos, envolvendo-nos numa aventura de povo em que caem as barreiras e os preconceitos e se abre caminho para a paz”, mencionou.
Leão XIV recomendou, para que o “trabalho incansável” dos jovens “não seja apenas ação social e ligado a modas passageiras”, “que alimentem o espírito e voltem ao coração”.
“Os Evangelhos e os outros livros da Bíblia são o cenário em que Deus ainda faz ouvir a sua voz e inspira as nossas visões, colocando-nos em diálogo com os seus amigos, os protagonistas da história da salvação”, disse.
Para o Papa, só “serão bons empresários e bons economistas se conhecerem assim a economia divina”.
“É o segredo de tantos testemunhos que nos precederam e que ainda caminham connosco”, frisou.
Na mensagem, Leão XIV caracterizou a ‘Economia de Francisco’ como “a expressão feliz de um caminho que fertiliza o pensamento e a iniciativa económica com a semente do Evangelho, que São Francisco de Assis acolheu sine glossa e do qual o nosso amado Papa Francisco testemunhou com todas as suas forças a qualidade transformadora”.
“Este ano, naturalmente, os nossos pensamentos agradecidos vão para o Papa Francisco: a sua morte ocorreu no dia e no perfume da Páscoa. Isso ajuda-nos a guardar criativamente a sua herança e compromete-vos a vós particularmente, que tiveram uma profunda sintonia com ele, a organizar a esperança que este caminho acendeu”, assinalou.
A ‘Economia de Francisco‘ é uma comunidade global de jovens economistas, empreendedores e agentes de mudança de mais de 100 países, que trabalham juntos para transformar a economia atual e dar alma à economia do futuro.
LJ/OC
