Vaticano: Papa enaltece exemplo dos «mártires de hoje»

Durante encontro com cerca de cinco mil jovens consagrados em Roma

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa enalteceu esta quinta-feira o exemplo dos mártires de hoje, durante um encontro no Vaticano com cinco mil participantes do Encontro Mundial de Jovens Consagrados, a decorrer em Roma.

“Há dias, na Praça São Pedro, um sacerdote iraquiano aproximou-se de mim e deu-me uma pequena cruz, uma cruz que um sacerdote tinha consigo quando foi degolado por não renegar a sua fé em Jesus Cristo. É esta cruz que eu trago aqui, à luz dos testemunhos dos nossos mártires de hoje, que são mais do que os mártires do primeiro século, e também dos mártires do Iraque e da Síria”, frisou Francisco.

Sob o mote “Despertai o mundo”, o Encontro Mundial para Jovens Consagrados está inserido no Ano da Vida Consagrada, um projeto que a Igreja Católica está a promover para dar novo fôlego à missão e aos projetos de todos os institutos religiosos.

Na audiência com os jovens consagrados, o Papa argentino salientou a importância das congregações não deixarem que a “observância rígida” das “regras” retire aos religiosos o espirito de iniciativa, a “liberdade” para abrir novos horizontes de missão.

 “Uma mãe que educa os filhos com rigidez, não deixa os filhos sonhar, crescer, anula o futuro criativo dos filhos. Esses filhos serão estéreis. Também a vida consagrada pode ser estéril quando não é profética, quando não se permite de sonhar”, frisou Francisco.

Neste contexto, o Papa lembrou o exemplo de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das Missões, que apesar de fechada num convento “não perdeu a capacidade de sonhar”.

“Não perdeu o horizonte. Nunca perdeu a capacidade de contemplação. Profecia e capacidade de sonhar é o contrário da rigidez. A observância não deve ser rígida, se é rígida não é observância, mas egoísmo pessoal”, complementou.

Sobre a situação dos consagrados no mundo atual, Francisco apontou que “num tempo muito instável”, marcado pela “cultura do provisório”, que também “entrou na Igreja, nas comunidades religiosas, nas famílias e no matrimónio”, é preciso saber propor “a cultura do definitivo”.

“O Senhor não entra na cultura do provisório. Ele nos ama e nos acompanha sempre. Por isso, estar próximo das pessoas, a proximidade entre nós, fazer profecia com o nosso testemunho, com o coração que arde, com zelo apostólico que aquece os corações dos outros”, exortou.

Uma pergunta de um jovem consagrado sírio levou também o Papa a recordar a “memória” da sua vocação, do seu “primeiro chamamento”.

“Foi em 21 de setembro de 1953, mas não sei como foi. Sei que por acaso, entrei na Igreja, vi o confessionário e sai dali diferente, sai de outra maneira. A minha vida mudou. Nos momentos difíceis ajudou-me muito recordar o primeiro encontro, porque o Senhor encontra-nos sempre definitivamente”, sublinhou Francisco.

O Encontro Mundial de Jovens Consagrados vai prosseguir até este sábado, dividido entre sessões de reflexão e partilha, sobre temas como a “vocação, vida fraterna e a missão”; e momentos de “celebração e testemunho”.

JCP

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Agência ECCLESIA

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