Leão XIV presidiu a Missa de canonização de sete figuras dos séculos XIX e XX, incluindo primeiros santos da Venezuela e da Papua Nova-Guiné





Cidade do Vaticano, 19 out 2025 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje, no Vaticano, à Missa de canonização de sete novos santos, incluindo os primeiros da Venezuela e da Papua Nova Guiné, elogiando o seu exemplo de fé e luta pela justiça.
“Na verdade, é esta fé que sustenta o nosso empenho pela justiça, precisamente porque acreditamos que Deus salva o mundo por amor, libertando-nos do fatalismo. Perguntemo-nos, então: quando ouvimos o apelo de quem está em dificuldade, somos testemunhas do amor do Pai, como Cristo o foi para com todos?”, disse Leão XIV, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.
Na sua homilia, o pontífice destacou que estes santos “não são heróis nem paladinos de um ideal qualquer, mas homens e mulheres autênticos”.
Depois do rito de canonização, no início da celebração, o Papa sublinhou a importância da fé como “vínculo de amor entre Deus e o ser humano”.
“Hoje, temos precisamente diante de nós sete testemunhas, os novos santos e as novas santas, que mantiveram acesa, com a graça de Deus, a lâmpada da fé, ou melhor, tornaram-se eles mesmo lâmpadas capazes de difundir a luz de Cristo”, apontou.
Leão XIV sustentou que, sem a fé, os “grandes bens materiais e culturais, científicos e artísticos” perdem sentido.
A relação com Deus é da maior importância porque Ele, no início dos tempos, criou todas as coisas do nada e, no tempo, salva do nada tudo o que simplesmente acaba. Uma terra sem fé seria povoada por filhos que vivem sem Pai, ou seja, por criaturas sem salvação.”
Pouco depois do início da Missa, o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, acompanhado pelos postuladores, pediu formalmente que os sete beatos e beatas fossem inscritos no “álbum dos Santos”.
A fórmula de canonização foi proferida pelo Papa em latim, sentado, como sinal da sua autoridade pontifícia.
Depois da proclamação, assinalada pela multidão com uma salva de palmas, o cardeal Becciu agradeceu ao Papa Leão XIV, concluindo o rito.
“Estes fiéis amigos de Cristo são mártires pela sua fé, como o bispo Inácio Choukrallah Maloyan e o catequista Pedro To Rot; são evangelizadores e missionários, como a irmã Maria Troncatti; são fundadoras carismáticas, como a irmã Vicenza Maria Poloni e a Irmã Cármen Rendiles Martinez; são benfeitores da humanidade, com coração ardente de devoção, como Bartolo Longo e José Gregório Hernández Cisneros”, indicou o pontífice, na sua homilia.
“Que a sua intercessão nos assista nas provações e o seu exemplo nos inspire na comum vocação à santidade”, prosseguiu.
Leão XIV alertou para o risco de “um mundo sem fé” e sublinhou que a confiança em Deus é fonte de esperança e de salvação.
“Quando somos crucificados pela dor e pela violência, pelo ódio e pela guerra, Cristo já está ali, na cruz por nós e connosco. Não há choro que Deus não console, nem lágrima que esteja longe do seu coração”, declarou.
O Senhor escuta-nos, abraça-nos como somos, para nos transformar como Ele é. Quem, pelo contrário, recusa a misericórdia de Deus, permanece incapaz de misericórdia para com o próximo. Quem não acolhe a paz como um dom, não saberá dar a paz”.
A celebração teve a presença de cerca de 70 mil pessoas, contando com várias delegações oficiais das nações ligadas às vidas dos novos santos.
No final da Missa, Leão XIV agradeceu a todos os que participaram nesta “grande festa da santidade”.
“Hoje é o Dia Mundial das Missões. Toda a Igreja é missionária, mas hoje rezamos especialmente por aqueles homens e mulheres que deixaram tudo para levar o Evangelho àqueles que não o conhecem. São missionários de esperança entre os povos ,1ue o Senhor os abençoe”, declarou, antes da recitação do ângelus.
A canonização é a confirmação, por parte da Igreja Católica, de que um fiel católico é digno de culto público universal e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.
Este é um ato reservado à Santa Sé, desde o século XII, e é ao Papa que compete inscrever o novo Santo no cânone.
OC
![]() Os novos santos Santo Inácio Maloyan (1869-1915) Arcebispo arménio-católico de Mardin, martirizado em 1915 no contexto das perseguições contra os cristãos, símbolo de fidelidade à fé. São Pedro To Rot (1912-1945) Leigo catequista da Papua Nova Guiné, morto durante a ocupação japonesa por defender o matrimónio cristão, é o primeiro santo do seu povo. Santa Vicenza Maria Poloni (1802-1855) Fundadora das Irmãs da Misericórdia de Verona, na Itália, dedicou-se à assistência aos pobres e doentes no século XIX. Santa Maria Cármen Rendiles (1903-1977) Fundadora da Congregação das Servas de Jesus, construiu obra dedicada à educação, catequese e serviço eucarístico, primeira santa venezuelana. Santa Maria Troncatti (1883–1969) Missionária salesiana italiana, passou décadas entre povos amazónicos do Equador como enfermeira, catequista e defensora dos direitos indígenas. São José Gregório Hernández (1864-1919) Primeiro santo venezuelano, conhecido como “médico dos pobres”, é lembrado pela caridade e dedicação à saúde dos desfavorecidos. São Bártolo Longo (1841-1926) Advogado italiano, precursor da devoção do Rosário, criador de obras sociais e fundador do Santuário de Nossa Senhora de Pompeia. |