Francisco diz que predecessor, cuja renúncia ao pontificado foi anunciada há um ano, foi «homem de grande coragem e humildade»
Cidade do Vaticano, 11 fev 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco usou hoje a rede social Twitter para assinalar o primeiro aniversário do anúncio da renúncia ao pontificado de Bento XVI, recordando o seu predecessor como alguém corajoso e humilde.
“Hoje convido-vos a rezar juntos, comigo, por Sua Santidade Bento XVI, um homem de grande coragem e humildade”, refere a mensagem, publicada na conta ‘@pontifex’, que tem mais de 11 milhões de seguidores em nove línguas, incluindo o português.
Bento XVI apresentou a sua renúncia durante uma reunião com várias dezenas de cardeais, que tinha sido convocada para aprovar a canonização de três beatos: o agora Papa emérito afirmou, em latim, que as suas forças devido à idade avançada, já não eram “idóneas” para exercer adequadamente o seu ministério, que chegaria ao fim a 28 de fevereiro.
O secretário particular de Bento XVI e prefeito da Casa Pontifícia (Santa Sé), D. Georg Gaenswein, disse ao Centro Televisivo do Vaticano (CTV) que a renúncia do Papa alemão ao pontificado foi um ato “revolucionário”.
“Foi um ato de grande coragem, um ato também revolucionário, que abriu possibilidades que ninguém conseguia ver naquele momento”, declarou o arcebispo alemão, em entrevista, por ocasião do 1.º aniversário do anúncio da resignação de Bento XVI.
Para este responsável, o 11 de fevereiro de 2013 foi um “dia muito particular”, marcado por “tristeza mas também gratidão”.
Já o porta-voz do Vaticano afirmou esta segunda-feira que Bento XVI vive em recolhimento e de forma “discreta”, sem estar “isolado”.
“É justo ter em consideração que [o Papa emérito] vive de forma discreta, sem uma dimensão pública, mas isso não quer dizer que viva isolado, fechado numa clausura estrita”, disse o padre Federico Lombardi, em entrevista à Rádio Vaticano.
A residir no Vaticano desde 2 de maio, num antigo mosteiro de clausura, Bento XVI mantém a “vida consagrada à oração” que tinha prometido no momento de anunciar a renúncia, perante dezenas de cardeais.
“Entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência incondicionais”, declarou, numa intervenção aplaudida pelo então cardeal Jorge Mario Bergoglio, que a 13 de março seria eleito como sucessor de Bento XVI.
[[v,d,4434,]]Os dois viriam a encontrar-se pela primeira vez a 23 de março na residência de Castel Gandolfo, arredores de Roma, onde o Papa alemão se recolheu nos meses de março e abril, após o final do seu pontificado; Francisco acolheu depois Bento XVI no Vaticano, aquando do regresso deste.
O Papa emérito só apareceu em público na companhia do seu sucessor e limitou as audiências de grupo e individuais que concede, continuando a estar acompanhado pelas quatro leigas consagradas que o serviram durante o pontificado e pelo seu secretário particular, para além do seu irmão, monsenhor Georg Ratzinger.
Francisco destacou o “exemplo” de Bento XVI, durante a recitação do ângelus de 30 de junho, como alguém que entendeu “como é a relação com Deus na própria consciência”.
O atual Papa visitou o seu predecessor pela última vez a 23 de dezembro, na casa de Bento XVI, para a troca de votos natalícios, e os dois almoçariam juntos quatro dias depois, na casa de Santa Marta, onde Francisco reside.
Bento XVI saiu do Vaticano em agosto, para assistir a um concerto na residência de Castel Gandolfo, e no início deste ano, a 4 de janeiro, quando visitou o seu irmão na Clínica Gemelli, de Roma.
OC