«Pode celebrar-se a Missa em latim neste momento. Se for o rito do Vaticano II, não há problema», recorda Leão XIV

Cidade do Vaticano, 18 set 2025 (Ecclesia) – O Papa lamentou que o debate em torno do uso do missal pré-Concílio Vaticano II e da reforma litúrgica se tenha tornado uma “ferramenta política” nalguns setores da Igrejas.
“É evidentemente muito complicado. Sei que parte desse problema, infelizmente, fez com que – mais uma vez, parte de um processo de polarização – alguns usassem a liturgia como uma desculpa para promover outros temas. Tornou-se uma ferramenta política”, disse em entrevista ao ‘Crux’, portal de informação religiosa dos EUA, e publicada hoje no livro biográfico ‘Leão XIV: cidadão do mundo, missionário do século XXI’.
O Rito de São Pio V, que a Igreja Católica usava até à reforma litúrgica de 1970 (com algumas modificações, a últimas das quais datada de 23 de junho de 1962) foi substituído pela Liturgia do ‘Novus Ordo’ (Novo Ordinário) aprovada por São Paulo VI, como resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II (1962-1965).
O Papa admite que o tema é “controverso” e que várias pessoas o abordaram sobre o regresso da “Missa em latim”.
“Bem, pode celebrar-se a Missa em latim neste momento. Se for o rito do Vaticano II, não há problema”, sublinha.
Leão XIV realça que existiram “abusos” na liturgia, após o Vaticano II, situação que “não foi útil para as pessoas que buscavam uma experiência mais profunda de oração, de contacto com o mistério da fé, que pareciam encontrar na celebração da Missa tridentina”.
Mais uma vez, polarizamo-nos, em vez de podermos dizer: «Bem, se celebrarmos a liturgia do Vaticano II de forma adequada, será que realmente se nota tanta diferença entre esta e aquela experiência?»”.
Na altura de entrevista, o Papa disse que não tinha falado com qualquer “grupo de pessoas que defendem o rito tridentino”.
“Em breve surgirá uma oportunidade, e tenho a certeza de que haverá ocasiões para tratar disso”, apontava.
Para Leão XIV, este é um tema que exige “sinodalidade”, para que as pessoas se possam “sentar e conversar”.
“Tornou-se o tipo de tema que está tão polarizado que as pessoas, muitas vezes, não estão dispostas a ouvir-se mutuamente”, lamentou.
Em 2021, Francisco publicou um decreto que restringiu o uso dos livros litúrgicos anteriores ao Concílio Vaticano II.
O ‘Motu Proprio’ “Guardiães da Tradição” (Traditionis custodes), sobre o uso da liturgia romana anterior a 1970, o Papa Francisco determinou que compete ao responsável diocesano a “exclusiva competência autorizar o uso do Missale Romanum de 1962”, seguindo as orientações da Sé Apostólica”.
A decisão alterou as disposições de 2008 do Papa Bento XVI sobre a Liturgia Romana anterior à reforma do Concílio Vaticano II, que permitiam a utilização universal do Missal promulgado por São João XXIII em 1962, com o Rito de São Pio V.
OC