Vaticano: Papa diz que está a recuperar «bem» e que nunca pensou em renunciar, após ano marcado por problemas de saúde

Francisco revela intenção de ser sepultado na Basílica de Santa Maior, em Roma

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 13 dez 2023 (Ecclesia) – O Papa disse que se encontra a recuperar bem da bronquite que o impediram de participar na COP28 e que nunca pensou em renunciar, após um ano marcado por vários problemas de saúde.

“Estou melhor. Sinto-me bem, sinto-me melhor. Às vezes as pessoas dizem-me que sou imprudente porque tenho vontade de fazer e de me mexer. Portanto, são bons sinais. Estou bastante bem”, realçou, em entrevista à vaticanista mexicana Valentina Alazraki.

Na conversa divulgada esta terça-feira pelo canal ‘N+’, Francisco fala dos seus projetos para o futuro, após ter sido internado duas vezes, nos últimos meses – em março, por causa de uma bronquite aguda, e em junho, para ser operado a uma hérnia intestinal -, e ter sido obrigado a cancelar vários compromissos desde final de novembro, após nova bronquite.

Questionado sobre se os católicos se devem preocupar com esta situação, o Papa admitiu: “Um pouco, sim, preciso que rezem pela minha saúde”.

“A velhice não se maquilha, vem por si só, apresenta-se tal como é. E, por outro lado, saber aceitar os dons da velhice. É preciso aceitar que se pode fazer muito bem a partir de uma outra perspetiva”, referiu o pontífice, que completa 87 anos de idade no próximo dia 17 e tem sido afetado por problemas num joelho, que o impede de caminhar normalmente.

Segundo Francisco, os limites ajudam a entender que “que tudo aqui acaba e começa outra coisa”.

“Amadurece muito, a velhice, é bonito”, prosseguiu.

A conversa abordou uma possível renúncia ao pontificado, à imagem do que aconteceu com Bento XVI em 2013, cenário que o atual Papa descartou.

“Não pensei nisso”, declarou, antes de elogiar o seu predecessor, falecido no final de 2022.

Francisco recordou Bento XVI como um “grande, um homem humilde, simples, que teve a coragem de dizer basta, quando se apercebeu dos seus limites”.

O Papa explicou que esta missão “é para sempre”, mas também há a “possibilidade” de renunciar.

Francisco diz ainda que quer um funeral “simples”, à imagem do que foi celebrado em janeiro, para Bento XVI, e que já escolheu o lugar onde vai ser sepultado.

“Como sempre prometi à Virgem – e o lugar está pronto -, quero ser sepultado em Santa Maria Maior”, uma das quatro maiores basílicas de Roma.

O Papa vai sempre a esta basílica, antes e depois das viagens pontifícias, para rezar junto do ícone de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’.

“É a minha grande devoção. Muito grande. Ia sempre lá, aos domingos de manhã estava lá durante algum tempo. Há uma ligação muito forte”, acrescentou.

Francisco adiantou que, neste momento, “todas as viagens estão a ser repensadas”, em particular as mais longas.

O Papa confirmou que, em 2024, vai visitar a Bélgica e explica que duas viagens transcontinentais, à Polinésia e à Argentina, estão dependentes da sua recuperação.

“Com o tempo, vou retomando as coisas”, precisou.

A entrevista abordou as críticas que o pontífice recebeu na recente campanha presidencial, na Argentina, que Francisco desvalorizou.

O Papa lamentou, por outro lado, que “maus políticos” transformem a governação num “negócio”, em benefício próprio.

As críticas estendem-se aos fabricantes de armas, sublinhando que “a guerra é sempre uma derrota, sempre” e que “todos os dias” telefona à paróquia de Gaza.

“O que ganhamos com a guerra? Apenas destruição”, lamentou, evocando as mães que perdem os seus filhos

OC

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Agência ECCLESIA

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