Prelatura passa a responder ao Dicastério para o Clero e responsável mundial deixa de poder ser nomeado bispo
Cidade do Vaticano, 22 jul 2022 (Ecclesia) – O Papa publicou hoje uma carta apostólica sobre a prelatura do Opus Dei, determinando que a mesma passe a responder ao Dicastério para o Clero, na Santa Sé.
O documento, intitulado ‘Ad carisma tuendum’ (para tutelar o carisma), surge 40 anos da constituição apostólica de São João Paulo II que erigiu a prelatura pessoal (‘Ut sit’) e visa, segundo Francisco, “tutelar o carisma” e “promover a ação evangelizadora” que os membros do Opus Dei realizam.
O Papa sublinha a necessidade de mudanças face à nova constituição da Cúria Romana, ‘Praedicate Evangelium’ (anunciai o Evangelho), publicada a 19 de março deste ano, pelo que o Dicastério de referência para a prelatura deixa de ser o dos Bispos.
O prelado, máxima autoridade do Opus Dei, deve agora apresentar um relatório anual ao Dicastério para o Clero, sobre “o estado da prelatura e o desenvolvimento do seu trabalho apostólico”.
Ainda sobre a figura do prelado, o artigo 4 da nova carta apostólica determina que o mesmo deixe de poder ser nomeado bispo.
O Papa explica que esta decisão pretende “reforçar a convicção de que, para a tutela do dom peculiar do espírito, é precisa uma forma de governo fundada mais sobre o carisma do que sobre a autoridade hierárquica.
O prelado do Opus Dei passa a ter o título de “protonotário apostólico supranumerário”, sendo tratado por “reverendo monsenhor”.
Francisco determina ainda que os estatutos da prelatura “sejam convenientemente adequados” a estas mudanças, por proposta do próprio Opus Dei e sob aprovação dos “órgãos competentes da Sé Apostólica”.
A carta apostólica entra em vigor a 4 de agosto.
Monsenhor Fernando Ocáriz, prelado do Opus Dei, dirigiu uma carta a todos os membros da prelatura, relativamente às alterações promovidas no novo documento.
“A vontade do Papa de sublinhar agora a dimensão carismática da Obra convida-nos a reforçar o clima de família, de afeto e de confiança: o prelado deve ser um guia, mas sobretudo um pai”, indica o responsável.
Em Portugal desde 5 de fevereiro de 1946, a instituição católica foi criada 18 anos antes em Espanha, em 1928, por São Josemaría Escrivá de Balaguer, canonizado em 2002, com a finalidade de colaborar na missão evangelizadora da Igreja e na difusão da visão cristã no mundo.
O Opus Dei é uma prelatura pessoal da Igreja Católica – figura pastoral prevista no Concílio Vaticano II – que “sensibiliza” os cristãos para a importância religiosa da “vida corrente do dia-a-dia, na família e no trabalho”, e oferece uma proposta formativa, teológica, espiritual e apostólica, que passa por retiros, aulas de formação, círculos sobre temas de vida cristã, e acompanhamento espiritual pessoal.
OC