Vaticano: Papa desvaloriza «resistências» ao pontificado e acusações de heresia

«Civiltà Cattolica» divulga conversa com jesuítas no Chile e Peru

Cidade do Vaticano, 15 fev 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco considerou a existência de “resistências” ao pontificado como algo normal na vida da Igreja e disse evitar as páginas que o acusam de ser herege, por uma questão de “saúde mental”.

“Quando me apercebo de resistências, tento dialogar, quando o diálogo é possível; mas algumas resistências vêm de pessoas que acreditam que têm a verdadeira doutrina e te acusam de ser herege. Quando nessas pessoas, pelo que dizem ou escrevem, não encontro bondade espiritual, simplesmente rezo por elas. Sinto desconforto, mas não me fixo nesse sentimento por uma questão de higiene mental”, assinalou, numa conversa com jesuítas do Chile.

O encontro à porta fechada aconteceu a 16 de janeiro e as respostas do Papa aos religiosos foram publicadas hoje, com a sua autorização, pela revista italiana ‘La Civiltà Cattolica’, da Companhia de Jesus.

O pontífice disse mesmo que o surgimento de resistências é “um bom sinal”.

“Caso contrário, o diabo não ficaria preocupado”, observou.

Francisco confessou ficar triste quando alguém se “alista numa campanha de resistência”, assumindo que existe uma “resistência doutrinária” a ensinamentos do atual pontificado e do Concílio Vaticano II (1962-1965).

“Eu sei quem eles são, conheço os grupos, mas não os leio, simplesmente, por causa da minha saúde mental. Se há algo muito sério, sou informado para que tenha conhecimento. Vocês conhecem-nos… É desagradável, mas temos de seguir em frente”, declarou.

O Papa disse viver um “período bastante pacífico”, após a eleição pontifícia em março de 2013.

“É uma paz que eu sinto como um presente puro, um presente puro. As coisas que não me tiram a paz, mas que me afligem, são as bisbilhotices”, assumiu.

Francisco convidou a reler os documentos do Vaticano II e desafiou os jesuítas a ajudar a Igreja Católica no trabalho do “discernimento”.

A intervenção abordou as críticas feitas à exortação apostólica ‘Amoris laetitia’, em particular à questão da possibilidade de acesso à Comunhão de católicos divorciados em nova união.

O Papa convida a superar uma “forma mental” de fazer Teologia “com base no limite”, do que se “pode ou não fazer”.

“A Amoris Laetitia segue uma direção completamente diferente, não entra nessas distinções e coloca o problema do discernimento. O que já estava na base da moral tomista, clássica, grande, verdadeira”, precisa.

OC

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Agência ECCLESIA

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