Bento XVI quer Igreja empenhada no diálogo com a sociedade e outras religiões
Cidade do Vaticano, 21 dez 2012 (Ecclesia) – Bento XVI afirmou hoje no Vaticano que a Igreja Católica tem de estar empenhada no diálogo com a sociedade e com as outras religiões para preservar a “memória” da humanidade.
“A Igreja representa a memória do que é ser homem defronte a uma civilização do esquecimento que já só se conhece a si mesma e só reconhece o próprio critério de medição. Mas, assim como uma pessoa sem memória perdeu a sua identidade, assim também uma humanidade sem memória perderia a própria identidade”, observou, no discurso que proferiu durante o encontro de Natal com os membros da Cúria Romana.
O Papa dedicou parte desta intervenção à questão do diálogo e do anúncio, apresentando três campos fundamentais para o compromisso das comunidades católicas, “lutando pelo homem e pelo que significa ser pessoa humana”: o diálogo com os Estados, o diálogo com a sociedade, incluindo as culturas e a ciência, e o diálogo com as religiões.
“No diálogo com o Estado e a sociedade a Igreja não tem, naturalmente, soluções prontas para as diversas questões. Mas, unida às outras forças sociais, lutará pelas respostas que melhor correspondam à justa medida do ser humano”, assinalou.
[[v,d,3687,]]Bento XVI declarou que a Igreja se vai manter fiel a “valores fundamentais, constitutivos e não negociáveis da existência humana” e quer fazer todos os possíveis para “criar uma convicção que possa depois traduzir-se em ação política”.
O Papa aludiu, em seguida, ao diálogo inter-religioso como “uma condição necessária para a paz no mundo”, na situação atual da humanidade, pelo que é “um dever para os cristãos bem como para as outras crenças”.
“Trata-se dos problemas concretos da convivência e da responsabilidade comum pela sociedade, pelo Estado, pela humanidade. Aqui é preciso aprender a aceitar o outro na sua forma de ser e pensar de modo diverso”, prosseguiu.
Bento XVI admitiu que o diálogo não visa “a conversão, mas uma melhor compreensão recíproca”, embora a busca de conhecimento e compreensão tenha de ser também “uma aproximação da verdade”.
“O cristão possui a grande confiança, mais ainda, a certeza basilar de poder tranquilamente fazer-se ao largo no vasto mar da verdade, sem dever temer pela sua identidade”, referiu.
O Papa destacou que a palavra do anúncio se torna eficaz quando existe “uma dócil disponibilidade” na pessoa para se aproximar de Deus.
“No final do ano, queremos pedir ao Senhor para que a Igreja, não obstante as próprias pobrezas, se torne cada vez mais reconhecível como sua morada”, pediu, antes de desejar aos presentes “um santo Natal e um feliz Ano Novo”.
OC