Francisco lembra «grande desafio» da guerra, e explica que acolhendo o Espírito os jovens podem «dizer “não” à injustiça em todas as suas formas»
Cidade do Vaticano, 28 dez 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco incentivou os jovens a “optar pela confiança em Deus, sem desesperar da humanidade”, numa mensagem enviada ao encontro europeu de final de ano promovido pela Comunidade ecuménica de Taizé, que começa hoje, em Rostock (Alemanha).
“É através da oração, da interioridade, da relação pessoal com o Senhor que a esperança se mantém viva e a confiança n’Ele se renova constantemente. E é praticando a solidariedade humana, fortalecida pela presença do Senhor, que sentirás o quanto Deus pode agir através de ti para mudar o mundo”, lê-se na mensagem papal, divulgada pela comunidade ecuménica francesa.
Cinco mil jovens participam no Encontro Europeu promovido pelos monges de Taizé, entre hoje e dia 1 de janeiro de 2023, em Rostock, no norte da Alemanha, no Mar Báltico.
A mensagem, assinada pelo substituto para os Assuntos Gerais na Secretaria de Estado da Santa Sé, cardeal Edgar Peña Parra, informa que o Papa “está feliz” que este encontro se possa realizar, após os anos de pandemia de Covid-19, “é um belo sinal de esperança”, mas alerta para “outros grandes desafios” que o mundo enfrenta, nomeadamente “o reaparecimento da guerra na Europa”.
Francisco afirma que ‘Vida Interior e Solidariedade’, o tema da mensagem do prior de Taizé para 2023, vai levar os jovens a “optar pela confiança em Deus, sem desesperar da humanidade”.
O Papa assinala que os jovens também escolheram refletir sobre a criatividade à qual Deus os “chama neste momento da história”, e muitos vivem com ansiedade, às vezes, com medo, e lembra que, no Evangelho, Jesus prepara os seus discípulos para “resistir ao medo que paralisa, que bloqueia toda a iniciativa, que isola”.
“Acolhendo este Espírito, podereis dizer ‘não’ à injustiça em todas as suas formas, deixando amadurecer em vós o ‘sim’ que vos permitirá buscar juntos as respostas aos desafios do nosso tempo”, acrescenta.
Outros responsáveis eclesiais, políticos e da sociedade associaram-se com mensagens ao 45.º Encontro Europeu de Taizé, como o secretário-geral das Nações Unidas, para quem a comunidade ecuménica “representa um farol de esperança, paz e compaixão para incontáveis pessoas no mundo inteiro”.
“Obrigado pelo seu compromisso com a paz, o desenvolvimento sustentável e os direitos humanos em todo o mundo”, escreve António Guterres, manifestando o compromisso da ONU “no esforço comum de construir um mundo mais justo, sustentável e inclusivo para todos”.
O patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, afirmou que este encontro “toca o próprio fundamento do cristianismo”, mesmo que as Igrejas “ainda não estejam prontas para se encontrar em torno do mesmo cálice”.
“Os momentos de partilha, as oportunidades de intercâmbio, a realidade de ‘estar juntos’ são a manifestação tangível de uma autêntica experiência de comunhão”, desenvolveu Bartolomeu, desejando que em cada jovem “resplandeça a graça da unidade e da paz”, e que seja portadora da esperança que sustenta a vida da Igreja.
Este encontro anual de final de ano faz parte da ‘Peregrinação de Confiança através da Terra’ promovida por Taizé, com as Igrejas e autoridade locais; a comunidade ecuménica, localizada a cerca de 360 quilómetros de Paris, foi fundada a 20 de agosto de 1940, por Roger Schutz, pastor protestante suíço, e começou por acolher perseguidos políticos, judeus e mais tarde prisioneiros alemães.
CB/OC
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