Vaticano: Papa desafia escolas e universidades a ser «laboratórios de profecia»

Leão XIV encerra Jubileu do Mundo Educativo, evocando ensinamentos do cardeal Newman, novo doutor da Igreja

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 01 nov 2025 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje à Missa conclusiva do Jubileu do Mundo Educativo, desafiando escolas e universidades a ser “laboratórios de profecia”.

“O Jubileu é uma peregrinação na esperança e todos vós, no vasto campo da educação, sabeis bem o quanto a esperança é uma semente indispensável! Quando penso nas escolas e nas universidades, penso nelas como laboratórios de profecia, onde a esperança é vivida e continuamente narrada e reproposta”, disse, na homilia da Missa da solenidade de Todos os Santos, a que presidiu na Praça de São Pedro.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Leão XIV deixou um convite aos educadores e às instituições educativas: “Brilhai hoje como astros no mundo”.

“Contemplemos e apontemos constelações que transmitam luz e orientação neste tempo presente obscurecido por tantas injustiças e incertezas. Portanto, encorajo-vos a fazer das escolas, das universidades e de todas as realidades educativas, mesmo informais e de rua, limiares de uma civilização de diálogo e paz”, declarou.

O Papa apresentou as Bem-aventuranças como referência pedagógica, considerando que trazem consigo uma nova interpretação da realidade.

“São o ensinamento por excelência. Da mesma forma, o Senhor Jesus não é um entre tantos mestres, é o Mestre por excelência. Mais ainda, é o Educador por excelência”, indicou.

A intervenção destacou a importância de que escolas e universidades católicas possam ser “lugares da escuta e da prática do Evangelho”, apelando à valorização dos mais desfavorecidos.

No centro dos percursos educativos não devem estar indivíduos abstratos, mas pessoas de carne e osso, especialmente aquelas que parecem não render, segundo os parâmetros de uma economia que exclui e mata. Somos chamados a formar pessoas, para que brilhem como astros em toda a sua dignidade.”

No início da Missa, o Papa proclamou São João Henrique Newman (1801-1890), cardeal inglês convertido do anglicanismo, como 38.º doutor da Igreja, num gesto simbólico para o Jubileu do Mundo Educativo.

Leão XIV citou um dos textos mais conhecidos do cardeal Newman, o hino ‘Lead, kindly light’ (Luz terna, suave, leva-me mais longe).

“É tarefa da educação oferecer esta luz terna àqueles que, de outra forma, poderiam permanecer aprisionados pelas particularmente insidiosas sombras do pessimismo e do medo”, sustentou o pontífice.

“Por isso, gostaria de vos dizer: desarmemos as falsas razões da resignação e da impotência e façamos circular no mundo contemporâneo as grandes razões da esperança”, acrescentou, falando aos participantes na celebração.

O Papa assumiu “grande alegria” por inscrever São João Henrique Newman entre os Doutores da Igreja e, ao mesmo tempo, nomeá-lo copadroeiro, com São Tomás de Aquino, de “todos os agentes que participam no processo educativo”.

“A vida ilumina-se não porque somos ricos, bonitos ou poderosos. Ela ilumina-se quando uma pessoa descobre dentro de si esta verdade: sou chamado por Deus, tenho uma vocação, tenho uma missão”, observou.

A imponente estatura cultural e espiritual de Newman servirá de inspiração para as novas gerações com o coração sedento de infinito, disponíveis a realizar, através da pesquisa e do conhecimento, aquela viagem que, como diziam os antigos, nos faz passar ‘per aspera ad astra’, ou seja, através das dificuldades até aos astros.”

Ao longo do Jubileu do Mundo Educativo, iniciado segunda-feira, o Papa celebrou Missa para os alunos das Universidades Pontifícias e concedeu audiências a estudantes e professores, incluindo uma delegação portuguesa com dezenas de pessoas.

Roma acolheu ainda o congresso ‘Constelações Educativas – Um pacto com o futuro’, com a participação da Universidade Católica Portuguesa.

OC

Vaticano: Papa proclamou São João Henrique Newman como doutor da Igreja

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