Vaticano: Papa denuncia «poeiras tóxicas» da atualidade e convida a aprender com a «fragilidade»

Homilia da Missa de Cinzas, lida em Roma, evoca «drama da morte» nas «sociedades da aparência»

Roma, 05 mar 2025 (Ecclesia) – O Papa denunciou as “poeiras tóxicas” da atualidade, na homilia preparada para a celebração de Cinzas que decorreu hoje em Roma, convidando a refletir sobre o “drama da morte”, que considera esquecido nas “sociedades da aparência”.

“Apercebemo-nos de que somos frágeis também quando, na vida social e política do nosso tempo, nos encontramos expostos às “poeiras finas” que poluem o mundo: a contraposição ideológica, a lógica da prevaricação, o regresso de velhas ideologias identitárias que teorizam a exclusão dos outros, a exploração dos recursos da terra, a violência nas suas diversas formas, a guerra entre os povos”, refere o texto, divulgado pela Santa Sé e lido na Basílica de Santa Sabina pelo cardeal Angelo De Donatis, penitenciário-mor e delegado de Francisco.

O Papa, internado desde 14 de fevereiro no Hospital Gemelli devido a problemas respiratórios, falhou a tradicional celebração desta Quarta-feira de Cinzas no bairro do Aventino, em Roma.

A reflexão preparada para a celebração alertou para as “poeiras tóxicas” que turvam o ar do planeta e “impedem a coexistência pacífica, enquanto a incerteza e o medo do futuro crescem”.

“É assim que se abre o caminho da Quaresma até à Páscoa, entre a memória da nossa fragilidade e a esperança de que, no fim do caminho, o Ressuscitado estará à nossa espera”, acrescenta o texto.

A condição de fragilidade lembra o drama da morte, que nas nossas sociedades da aparência tentamos exorcizar de muitas maneiras e até apartar da nossa linguagem, mas que se impõe como uma realidade que temos de tomar em consideração, como um sinal da precariedade e da transitoriedade das nossas vidas”.

O Papa considera que a celebração inaugural da Quaresma ajuda as pessoas a tornar-se “mais humildes e disponíveis”.

“As cinzas sagradas reavivam em nós a memória do que somos e também a esperança do que seremos. Recordam-nos que somos pó, mas situam-nos no caminho da esperança a que estamos chamados, porque Jesus desceu ao pó da terra e, através da sua Ressurreição, leva-nos com Ele para o coração do Pai”, indica.

Isto no-lo ensina sobretudo a experiência da fragilidade, que sentimos nas nossas canseiras, da fraqueza com que temos de nos confrontar, dos medos que nos habitam, dos fracassos que nos queimam por dentro, da fugacidade dos nossos sonhos, da constatação de como são efémeras as coisas que possuímos”.

Foto: Vatican Media

A celebração começou às 16h30 (menos uma em Lisboa), na igreja de Santo Anselmo, com um momento de oração, seguido da procissão penitencial rumo à Basílica de Santa Sabina, sob a presidência do cardeal Piacenza, acompanhada por cardeais e bispos, os monges beneditinos de Santo Anselmo e os padres dominicanos de Santa Sabina.

No final da procissão, na Basílica de Santa Sabina, foi celebrada a Missa com o rito da bênção e imposição das cinzas.

“Sentimo-nos profundamente ao Papa, neste momento, e agradecemos-lhe pela oferta da sua oração e dos seus forimentos pelo bem de toda a Igreja e de todo o mundo”, disse o cardeal Angelo De Donatis, antes de ler a homilia.

OC

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