Vaticano: Papa denuncia «genocídio cultural», com exclusão de milhões de crianças da escola

Encontro com responsáveis do Dicastério para a Cultura e a Educação pede novo modelo de ensino, que supere obsessão pelos resultados

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 21 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje, no Vaticano, para um “genocídio cultural”, provocado pela exclusão de milhões de crianças da escola, em todo o mundo.

“Os genocídios culturais não acontecem apenas através da destruição do património. Irmãos e irmãs, é genocídio cultural quando roubamos às crianças o seu futuro, quando não lhes oferecemos as condições para se tornarem naquilo que poderiam ser”, disse aos participantes na sessão plenária do Dicastério para a Cultura e a Educação, organismo da Santa Sé liderado pelo cardeal português D. José Tolentino Mendonça.

Numa intervenção divulgada pelo Vaticano, Francisco observou que, apesar de se registar hoje “o maior número de estudantes da história”, subsistem “tristes disparidades”.

“Cerca de 250 milhões de crianças e adolescentes não frequentam a escola. É um imperativo moral mudar esta situação”, sustentou.

Quando vemos, em tantos sítios, crianças a irem buscar coisas ao lixo para as venderem e assim poderem comer… pensemos no futuro da humanidade, com estas crianças.

Foto: Vatican Media

O Papa pediu que os responsáveis pela educação promovam o surgimento de “novos poetas sociais”.

“Com efeito, não há necessidade de modelos educativos que sejam meras ‘fábricas de resultados’, sem um projeto cultural que permita a formação de pessoas capazes de ajudar o mundo a virar uma nova página, erradicando a desigualdade, a pobreza endémica e a exclusão”, apontou.

Francisco assinalou que as patologias do mundo atual “não são uma fatalidade que devamos aceitar passivamente e muito menos confortavelmente”, destacando que o sucesso da educação está para lá dos “rankings” ou da autopreservação das instituições.

O discurso abordou os desafios levantados pelo desenvolvimento científico e as inovações tecnológicas, particularmente com “o advento da transição digital e da inteligência artificial”.

“Este fenómeno coloca-nos perante questões cruciais. Apelo aos centros de investigação das nossas universidades para que se empenhem no estudo da atual revolução, esclarecendo os seus benefícios e perigos”, disse o Papa.

OC

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Agência ECCLESIA

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