Vaticano: Papa denuncia «flagelo do jogo» e pede promoção da paz social

Leão XIV recebeu a Associação Nacional dos Municípios Italianos, junto dos quais alertou para as «formas de solidão» e a crise demográfica

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 29 dez 2025 (Ecclesia) – Leão XIV denunciou hoje o “flagelo do jogo”, que afeta as famílias, e exortou os autarcas italianos a promoverem a “paz social” nas suas comunidades.

“Gostaria de chamar a atenção, em particular, para o flagelo do jogo, que destrói muitas famílias. As estatísticas registam um forte aumento deste fenómeno em Itália nos últimos anos”, disse, ao receber em audiência, no Palácio Apostólico, os representantes da Associação Nacional dos Municípios Italianos (ANCI), acompanhados pelo cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal do país.

A intervenção citou um relatório da Cáritas Italiana sobre a pobreza e a exclusão social, alertando que se está perante “um grave problema educativo, de saúde mental e de confiança social”.

Ao elencar os desafios que afetam as cidades contemporâneas, o Papa observou que a política é “chamada a tecer relações autenticamente humanas entre os cidadãos, promovendo a paz social”.

“Não podemos esquecer também outras formas de solidão que afetam muitas pessoas: distúrbios psíquicos, depressões, pobreza cultural e espiritual, abandono social. São sinais que indicam o quanto há necessidade de esperança”, indicou, perante os autarcas.

Foto: Vatican Media

Leão XIV falou em seguida da crise demográfica e das dificuldades das famílias e dos jovens, da solidão dos idosos e do grito silencioso dos pobres, da poluição do meio ambiente e dos conflitos sociais são realidades que não os deixam indiferentes.

“Enquanto procuram dar respostas, vocês sabem bem que nossas cidades não são lugares anónimos, mas rostos e histórias a serem guardados como tesouros preciosos”, apontou.

O Papa desafiou os responsáveis municipais a tornarem-se “mestres da dedicação ao bem comum”, inspirando-se no exemplo de Giorgio La Pira, antigo presidente da Câmara de Florença, para quem o sofrimento alheio exigia uma intervenção imediata.

“A coesão social e a harmonia cívica exigem, em primeiro lugar, ouvir os mais pequenos e os pobres”, insistiu.

Citando a bula de convocação do Jubileu, ‘Spes non confundit’, assinada pelo Papa Francisco, Leão XIV recordou que o ser humano “não pode contentar-se em sobreviver”, alertando que a falta de perspetivas gera uma tristeza que torna as pessoas “amargas e intolerantes”.

O Papa pediu aos presentes que projetem “o melhor futuro” para as suas terras e terminou o encontro com votos de “boa peregrinação” para o ano de 2026.

OC

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