Vaticano: Papa denuncia aumento da perseguição e da discriminação contra os cristãos

Perante embaixadores de todo o mundo, Francisco pede defesa da liberdade religiosa e das minorias

Cidade do Vaticano, 08 jan 2024 (Ecclesia) – O Papa denunciou hoje, no Vaticano, o aumento da perseguição e da discriminação contra os cristãos, “sobretudo nos últimos dez anos”.

“Trata-se, não raramente, de fenómenos de lenta marginalização e exclusão da vida política e social e do exercício de certas profissões, que ocorrem mesmo em países tradicionalmente cristãos”, assinalou, durante a audiência de apresentação de cumprimentos de Ano Novo, pelos membros do corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé.

Francisco apontou para um total de 360 milhões de cristãos que, em todo o mundo, “sofrem um elevado nível de perseguição e discriminação por causa da sua fé” e, cada vez mais, são “obrigados a fugir dos seus países de origem”.

“O caminho da paz passa pelo diálogo inter-religioso, que exige, antes de mais nada, a tutela da liberdade religiosa e o respeito das minorias”, insistiu.

O discurso, com cerca de 40 minutos, apontou o dedo aos países que adotam “modelos de controlo centralizado sobre a liberdade de religião, com o uso maciço da tecnologia”.

“Noutros lugares, as comunidades religiosas minoritárias encontram-se frequentemente numa situação cada vez mais dramática”, acrescentou o Papa, falando numa “combinação de ações terroristas, ataques ao património cultural e medidas mais subtis, como a proliferação das leis anticonversão, a manipulação das regras eleitorais e as restrições financeiras”.

Preocupa, particularmente, o aumento dos atos de antissemitismo verificados nos últimos meses; reitero mais uma vez que este flagelo deve ser erradicado da sociedade, sobretudo através da educação para a fraternidade e o acolhimento do outro”.

A intervenção ligou a promoção da paz ao “respeito pela vida, por toda a vida humana” com críticas à legalização do aborto e à prática da chamada “barriga de aluguer”, considerando que esta “lesa gravemente a dignidade da mulher e do filho”.

“Com pesar constato, especialmente no Ocidente, a persistente difusão duma cultura da morte que, em nome duma falsa piedade, descarta crianças, idosos e doentes”, indicou Francisco.

O Papa assinalou o 75.º aniversário da declaração universal dos Direitos Humanos, advertindo para as tentativas de inclusão de “novos direitos”, que levaram a “colonizações ideológicas, entre os quais tem um papel central a teoria do ‘gender’ (sic), extremamente perigosa porque elimina as diferenças, com a pretensão de tornar todos iguais”.

“Há que prestar especial atenção à tutela do património genético humano, impedindo que se realizem práticas contrárias à dignidade humana, como a possibilidade de verbetar material biológico humano e a clonagem de seres humanos”, prosseguiu.

O discurso acenou à celebração do Ano Santo 2025, com as celebrações jubilares a terem início já no próximo Natal.

“Na tradição judaico-cristã, o Jubileu é um tempo de graça para experimentar a misericórdia de Deus e o dom da sua paz”, observou Francisco.

184 Estados mantêm relações diplomáticas plenas com a Santa Sé, a que se somam a União Europeia e a Ordem Soberana e Militar de Malta; existem 91 missões diplomáticas acreditadas junto da Santa Sé com sede em Roma, incluindo a de Portugal, bem como os gabinetes da Liga dos Estados Árabes, da Organização Internacional para as Migrações e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

OC

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Agência ECCLESIA

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