Francisco evocou exemplo de leigo italiano que recusou jurar fidelidade a Hitler
Cidade do Vaticano, 19 mar 2017 (Ecclesia) – O Papa deixou hoje no Vaticano uma saudação aos pais de todo o mundo, que recordou “com grande afeto”, ao apresentar a figura do mais novo beato da Igreja Católica.
Francisco falava de Josef Mayr-Nusser (1910-1945), “pai de família” e representante da Açao Católica da Itália, martirizado “porque se recusou a aderir ao nazismo, por fidelidade ao Evangelho”.
“Pela sua grande estatura moral e espiritual, ele constitui um modelo para os fiéis leigos, especialmente para os papás, que hoje recordamos com grande afeto, ainda que a festa litúrgica de São José, seu patrono, este ano seja celebrada amanhã [segunda-feira] porque hoje é domingo”, referiu, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a recitação do ângelus.
O Papa pediu um “grande aplauso” para todos os pais.
São José foi desde cedo apresentado pela Igreja Católica como símbolo e exemplo de pai e de trabalhador, estando por isso associado à celebração do ‘Dia do Pai’.
Por coincidir este ano com um domingo, a solenidade litúrgica de São José vai ser celebrada na segunda-feira, 20 de março.
O cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, presidiu este sábado, em representação do Papa Francisco, à beatificação de Josef Mayr-Nusser.
“Pai de família, presidente da Ação católica da Arquidiocese de Trento e membro das conferências de São Vicente de Paulo, devido a este seu gesto foi condenado ao campo de concentração em Dachau”, informa o jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’.
O novo beato da Igreja Católica “morreu mártir” antes de chegar a Dachau, a poucos dias da sua execução.
José Mayr-Nusser nasceu em 27 de dezembro de 1910, em Bolzano, norte da Itália; obrigado a recrutar-se no Exército Nazi, recusou o juramento de fidelidade a Hitler.
O recruta, de 34 anos, evocou “motivos religiosos” para esta recusa e foi preso, sob acusação de “alta traição”.
A memória litúrgica do Beato Josef vai ser celebrada, pela primeira vez, a 3 de outubro.
Esta foi a 63ª cerimónia de beatificação do atual pontificado, nas quais foram proclamados mais de 800 beatos, sobretudo mártires, entre eles um português, o irmão Mário Félix, morto durante a Guerra Civil Espanhola.
O Papa Francisco presidiu a duas destas cerimónias: no Vaticano, para beatificar o Papa Paulo VI, e na Coreia do Sul, na beatificação de Paulo Yun Ji-Chung e 123 companheiros mártires.
OC